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No princípio era a verba

ByDudu Correia

mar 25, 2022

No princípio era a verba

Editorial do jornal Leia Sempre desta sexta-feira, 25 de março 

O jornalista e escritor Millôr Fernandes foi um dos gênios da literatura e d humor brasileiros e deixou textos e frases desconcertantes. Em um determinado momento escreveu: “Se a Bíblia tivesse sido submetida aos críticos, todos teriam achado subliteratura sem pé nem cabeça. No princípio era a verba.”

Se vivo fosse e olhasse o Brasil de hoje Millôr poderia ter acordado nesses dias e dito: bem que avisei. O Brasil vive uma verdadeira distopia em que agora pastores saem dos templos e ocupam cadeiras em ministérios sem serem nomeados. E o que sobrar disso pode não ser boa coisa.

No Brasil de hoje a história é simples. O Ministério da Educação do Brasil na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) é um verdadeiro desastre. Primeiro, porque o próprio presidente nunca gostou de educação pública e da academia. É avesso ao conhecimento, à boa leitura e aos livros.

Na gestão começou colocando na pasta Ricardo Vélez que sequer conhecia a língua nacional, e começou querendo cantar o hino nacional nas escolas, como se isso fosse pressuposto para a boa educação e a qualidade do ensino.

Não satisfeito colocou um olavista radical, extremista de direita que atacava as universidades, o ensino superior e os educadores. Além disso, fazia acusações contra autoridades brasileiras baseadas em seu gosto por esse ou aquele tipo de político e saiu fugido do Brasil.

Por final, coloca Milton Ribeiro no MEC e esse se revela um “gestor” que adere ao lobby e deixa que pastores neopentecostais façam lobby com recursos bilionários do ministério, como noticiado nos jornais Folha e Estadão.

Tudo isso apenas poderia dar em um dos maiores escândalos do governo Bolsonaro, que agora, perde o discurso do governo honesto.

Em gravações obtidas pela imprensa brasileira o próprio Milton conta como é o esquema e que é de conhecimento do próprio presidente.

Desde quando assumiu a presidência da República que Bolsonaro e seu governo tentam destruir a educação pública brasileira. Os planos são os mais mirabolantes, mas alguns são bem práticos como encher o Brasil de escolas cívico-militares, cortar verbas públicas da educação, ciência e pesquisa, não construir mais escolas ou creches, inviabilizar o Enem, e, quem sabe num futuro próximo fazer como no Chile e privatizar o ensino de ponta a ponta.

Agora com o lobby dos pastores, Bolsonaro ganha aliados poderosos. Os pastores neopentecostais lobistas que podem e muito ajudar Bolsonaro a montar um esquema de troca de favores, e, ao mesmo tempo destruir a educação pública no Brasil.

Cabe agora, uma outra frase do grande Millôr: O mal do mundo é que Deus envelheceu e o Diabo evoluiu.

Foto: Reprodução/redes sociais

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