• 13 de maio, 2024 08:28

O dia em que Judas chorou. Por Marcos Leonel

ByDudu Correia

mar 11, 2022

Por Marcos Leonel na Coluna Fala Leonel!!

Usar Deus como subterfúgio para tramoias em busca do poder é uma das coisas mais comuns que existe na história da humanidade. Levar essa patifaria ao extremo do profissionalismo é o requinte de crueldade que faltava. Os vendilhões do templo são espertalhões que se tornaram milionários às custas da fé cega alheia. Em mais um ato de campanha eleitoral antecipada Bolsonaro participa de evento no Palácio da Alvorada, com centenas desses apóstolos que armazenam bíblias em cofres. Foi um pacto pela reocupação do poder. Silas Malafaia foi o chefe organizador do evento. O Palácio da Alvorada ficou lotado de hipocrisias protocolares. Bolsonaro se esbaldou em mentiras e farsas pitorescas de sua índole suja. Ele garantiu a todos que continuará traindo o povo brasileiro, caso o apoio dos cultos televisivos seja transformado em votos. O show de pilantragem política durou cerca de duas horas: Bolsonaro orou, chorou e chafurdou na lama.

Entre améns e patifarias diversas, Bolsonaro disse, para além das profecias, que: “Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim desejarem. É fácil? Não é. Mas, nós sabemos e temos força para buscar fazer o melhor para nossa pátria”, sendo que os senhores em questão eram os líderes neopentecostais que se postam de bolsos permanentemente abertos, com a graça divina. Eles testemunharam as cenas de entrega do país às suas igrejas imediatistas, armados de celulares e assessores quase anjos, que não perderam tempo em espalhar nas redes sociais, a boa nova da nova arca da aliança, afinal não é todo dia que se ganha um país inteiro na troca de votos. Além de trair descaradamente a população brasileira, que em sua maioria não é neopentecostal, traiu o próprio gado de outras religiões, que se posta mais uma vez perplexo diante de tanta capacidade do líder descarta-los. O que chama a atenção não é o fato de Bolsonaro ser desmascarado como fantoche de um segmento isolado. O que chama a atenção é a múltipla personalidade do presidente vagabundo, que tem uma personalidade desviada para cada nicho isolado de apoiadores.

Bolsonaro chorou. Verteu lágrimas fabricadas na facada que nunca aconteceu. Lágrimas mentirosas. Bolsonaro disse que foi “milagre” ter escapado da “facada”. Molhado em bazófias mafiosas ele se superou: “Eu não vejo a hora de um dia entregar o bastão da Presidência para poder ir para a praia, tomar um caldo de cana na rua, voltar a pescar na Baía de Angra. Ter paz. Mas eu creio que uma coisa fala por tudo isso aí. Quem estaria no meu lugar se a facada fosse fatal? Como estaria o Brasil com essa pandemia?”. Justamente ele, o genocida, que fez campanha intensiva contra a vacinação, inclusive de crianças, que exerceu a medicina ilegalmente ao prescrever medicamentos ineficazes contra o vírus, que debochou das vítimas da crise de oxigênio em Manaus, imitando uma pessoa morrendo com falta de ar, justamente ele, que nunca esboçou qualquer emoção a respeito de nenhuma morte de vítimas da pandemia, justamente ele que nunca derramou uma lágrima sequer emocionado com a tragédia das famílias que perderam o chão com mortes de parentes na pandemia. É fácil entender que deus é esse que emociona Bolsonaro. É fácil entender que compromisso é esse do “escolhido” para executar essa “missão”, em entregar o país nas mãos dos falsos profetas, afirmando que faz isso, pois isso é o melhor para “nossa pátria”. Sim!! Todos sabem o que é o “nossa”, e o que é essa “pátria”.
Enquanto o delírio alucinado corria solto no ato de campanha antecipada no Palácio da Alvorada, residência do presidente, a Petrobras, que anunciou lucro líquido exorbitante de R$ 106,668 bilhões, o maior de sua história, estipulou um novo aumento no preço dos combustíveis: 18,76% e o diesel em 24,93%. Nem mesmo a maior farsa da maior oração neopentecostal terá o poder sobrenatural de esconder o colapso da economia brasileira a partir da política de preços da Petrobras, que desde o golpe dado em Dilma Rousseff é posse inalienável dos acionistas privados. Será necessária uma quantia muito superior a 280 malandros que se auto intitulam bispos e pastores, para operarem o milagre da grande ilusão de que a economia está decolando em “V”. Tendo em vista os estragos insuportáveis dessa governança setorial, Bolsonaro, agora, demoniza acionistas da Petrobras e demoniza sua própria política econômica. Ele brada aos quatro cantos aniquilados do país, que ele não tem responsabilidade nenhuma sobre isso, que ele não tem como intervir na ESTATAL. Querendo que ele mesmo e o povo acreditem que a Petrobras é um país independente, que vive dentro de um país chamado Brasil, e que ninguém sabe como a Petrobras foi parar aí, no meio da vida pública brasileira, com governo próprio, com atitudes administrativas que estrangulam o povo brasileiro em um crime perfeito.

Aqui, vale a pena ressaltar a memória seletiva da escória brasileira: em meados de fevereiro de 2017 circulou entre os “cidadãos e cidadãs de bem”, um adesivo em que a ex-presidenta Dilma era alvo de um dos ataques mais nojentos da história do Brasil, quando a imagem dela foi manipulada em uma montagem, de pernas abertas, para ser colocada na tampa de abastecimento dos carros e motos, simulando um estupro permanente. Ali estava o prenuncio das profecias de tomada de assalto do poder, em nome de Deus, em nome daqueles e daquelas que têm Deus no coração. Ali estava o complemento profético da vinda e graça de pessoas como Allan dos Santos, Mamãe Falei, MBL, Kim Kataguiri, Braga Neto, Augusto Heleno, Silas Malafaia, Queiroz, Bia Kicis, Damares, Ricardo Salles, Monark, Sérgio Moro, e todo o resto de uma cambada que se apropriou religiosamente do poder. Os exemplos bolsonaristas de “escolha divina” se espalham pelas redes sociais, há tempos, que nem tem como lembrar de todos, como é o caso da sogra do prefeito bolsonarista, que aparece cheirando cocaína nas nádegas da orgia. Mas existe um conforto ecumênico para todos eles, pois segundo a retórica vigarista neopentecostal, Deus perdoará todos, pois eles sabem o que fazem.

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