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A Casa da Mulher Cearense acolhe as vozes que não calaram. Por Íris Tavares

ByDudu Correia

mar 11, 2022

Por Íris Tavares na coluna O Verbo Feminino

 A luta das mulheres remonta de processos históricos que marcaram fortemente algumas culturas, tanto que a sociedade contemporânea carrega consigo as vozes daquelas que não se calaram mediante a opressão que as cercam desde a origem do sistema patriarcal. A violência de gênero tem raízes profundas a partir da antiguidade até os dias atuais. É um fenômeno de escala mundial desfavorável a construção e a garantia dos direitos humanos. Os impactos gerados pela violência contra a mulher e a menina repercutem na saúde, na economia, na educação e na igualdade de oportunidades. O Brasil é um dos países signatários do pacto Global e Agenda 2030, com importantes desdobramentos nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Aqui nos reportamos a ODS 5, cujo objetivo prevê “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Por tanto é fundamental que a sociedade e o Estado estejam juntos e se mobilizem no sentido da elaboração das políticas públicas de enfrentamento a violência contra a mulher.

Nesse contexto anunciamos a importante conquista das mulheres do Cariri com a instalação da Casa da Mulher Cearense que recebe o nome de Arlete de Sousa Negrão, em memória da barbalhense que simboliza a tragédia de uma família, entre tantas outras que perderam suas mães, filhas e irmãs para o bárbaro crime que ceifa a vida de milhares de mulheres. O Cariri é uma região que se apresenta com triste histórico de violência de gênero, doméstica, feminicídio e violência política que afeta diretamente o feminino. Nos questionamos sobre a forte influência da cultura do patriarcado e do machismo que prevalecem nas relações familiar, social e do poder. As mulheres são condenadas a uma vida de opressão, ameaças e injustiças.

A Casa da Mulher Cearense é um equipamento extraordinário com forte apelo da ação governamental que se coloca ao lado das mulheres e vítimas, que propõe e oferece um atendimento especializado atuando em rede de proteção e atendimento humanizado às mulheres. Importante valorizar a fala do governador Camilo ao declarar ter sido uma “indicação a dedo”, sobre o perfil de Mara Guedes pela sua firme atuação na luta de enfrentamento a violência contra a mulher no campo e na cidade, pela sua dedicação ao longo de sua trajetória como militante feminista. Foi com essa mesma sensibilidade que também nomeou Daciane Barreto, atual coordenadora da Casa da Mulher Brasileira do Ceará. Uma mulher firme e valorosa, cuja trajetória se confunde com as lutas em defesa da democracia e das liberdades. Imaginamos que a primeira Casa da Mulher Cearense instalada no interior do estado, certamente contribuirá de forma pioneira nesse desenho de uma rede robusta integrada em defesa da vida das mulheres e que busca fortalecer o respeito e a igualdade de gênero em todo o território cearense.

O movimento de mulheres do Cariri e seus coletivos desempenham um importante papel de mobilização e diálogos com o poder público e agora tem sua justa reivindicação materializada, porém a luta continua porque precisamos avançar mais ainda frente aos desafios que estão por vir.

O 8 de março serve para refletirmos sobre os nomes, as histórias e as memorias daquelas que foram brutalizadas no seu amor, na sua fé, no seu ideal de liberdade. Beata Maria de Araújo, Barbara de Alencar, Edilene Pinto, Margarida Alves, Irmã Doroth, Nazaré Flor, Iara Brito, Cícera Samiris, Silvanir Inácio … Presente!     

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