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O preço da trapaça bolsonarista. Por Marcos Leonel

ByTarso Araújo

abr 29, 2022

Por Marcos Leonel na coluna Fala Leonel
Publicada no jornal Leia Sempre

O Brasil vive anos de tortura social, exaltada e praticada. O país não se encontra em um beco sem saída, ele é o próprio beco estreitado pelo extremismo, armado com as velhas armas de assalto constante da dignidade do povo brasileiro. A prévia da inflação de abril extrapolou as expectativas até mesmo dos lunáticos seguidores de pastores e bispos eletrônicos espalhados por esse grande pasto, nacionalista de araque e patriota estelionatário. Subiu para 1,73%, a maior variação mensal desde fevereiro de 2003 (2,19%) e a maior alta para abril desde 1995 (1,95%). A tradução para esse eufemismo estatístico é fome e miséria. Enquanto o povo morre de fome e de morte matada, o presidente Bolsonaro se preocupa em se reunir, segundo informações do jornal O Globo, com representantes da empresa Meta, controladora do aplicativo WhatsApp, nesta quarta, dia 27 de abril de 2022, para discutir o acordo com o TSE, que pretende combater a disseminação de mentiras. Essa é a agenda de trabalho de Bolsonaro, defender o direito de mentir, defender o direito de trabalho do gabinete do ódio. O povo que procure o que fazer, pois a agenda dele já está lotada.

É preciso ter muito mais do que fé tosca, forjada na manipulação criminosa da Bíblia. É preciso ser frio, calculista e sem apreço ao próximo, acreditar que um presidente que trabalha menos do que 5 horas por dia, faça alguma coisa além de criar crises intermináveis. O estudo sobre a desocupação presidencial foi feito por Dalson Figueiredo (UFPE/Oxford), cientista político, em parceria com os cientistas sociais Lucas Silva (Uncisal) e Juliano Domingues (Unicap). O projeto “Deixa o homem trabalhar”, revelou que entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2022, Jair Bolsonaro trabalhou, em média, 4,8 horas por dia. A quantidade média de sua carga de trabalho diminuiu nos últimos tempos: passou de 5,6 horas em 2019 para só 3,6 horas este ano, considerando a sua agenda oficial. O problema maior é que, de acordo com a sua agenda oficial, bem como sua agenda clandestina de 100 anos de sigilo, se deixar ele trabalhar, ele vai exterminar o Brasil do mapa, vai pulverizar uma nação inteira, deixando apenas uma caserna lotada de viagra, próteses penianas e barras de gel íntimo, subsídios endereçados à grande orgia armada, que não consegue ficar no anonimato, mesmo com as cortinas de fumaça fabricadas pelo gabinete presidencial, ocupado demais em dar um golpe militar nas partes íntimas da nação.

O fenômeno da decadência moral instaurada na sociedade brasileira a partir da estirpe do maucaratismo no poder, resultou em mais um estudo científico que tipifica esse protagonismo doentio e usurpador, que tem tomado de assalto os conceitos de honestidade, ética e vergonha, na vida pública e privada brasileira. Uma instituição não governamental, Article 19, publicou um estudo feito sobre o estado crônico de mentiroso sem vergonha, que acabou assumindo como postura oficial, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Em seu relatório anual, começado em 2019, chamado de The Global Expression 2021, revelou que só em 2020, Bolsonaro, o “presidente”, já havia dado 1682 declarações falsas ou enganosas. Não há, na pesquisa dessa instituição, nenhum político no mundo que seja tão mentiroso e descarado como Bolsonaro, o “presidente” do Brasil. Tanto é que ele próprio assumiu isso de forma natural, em um evento para discussão sobre o direito de mentir nas redes sociais, ele disse: “Se um militar mente, acabou a carreira dele… O cabo não sai sargento, o subtenente não sai tenente, o coronel não sai general… Não tem prescrição pra isso! E temos um chefe do Executivo que mente!”. Ele é o chefe do Executivo. Ele é o “presidente” do Brasil.

No entanto, não existe mentira nenhuma que possa encobrir a dura realidade brasileira, nem mesmo a mais estapafúrdia, como é costume desse governo, tal qual a mentira escabrosa para justificar a compra de 35 mil comprimidos de viagra, destinados ao controle da hipertensão pulmonar, segunda a inteligência suprema das Forças Armadas, humilhada e emporcalhada pelo presidente, a cada momento em que ele tenta transforma-las em sua milícia particular. De acordo com estudo feito pela Austin Rating, a partir de relatório do Fundo Monetário Internacional, o desemprego no Brasil vai bater mais um recorde, ficando quase o dobro dos índices das 20 economias emergentes do mundo. entre 102 países, o Brasil aparece com a 9ª pior estimativa de desemprego no ano (13,7%), bem acima da média global prevista para o ano (7,7%), da taxa dos emergentes (8,7%) e é a 2ª maior entre os membros do G20 – atrás só da África do Sul (35,2%). O desemprego atinge diretamente 12 milhões de brasileiros, de acordo com o IBGE. Além disso, o Brasil de Bolsonaro, atingiu a marca recorde de 33,8 milhões de pessoas que ganham no máximo um salário mínimo, quando ocupadas, de acordo com levantamento da LCA Consultores, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral do IBGE.

Daí a necessidade absurda do presidente criar crises, uma atrás da outra, uma mais grave do que a outra, na tentativa de jogar para escanteio a triste realidade brasileira, que adiciona ao colapso econômico e social, a maior crise moral da história do Brasil. Esse é o preço que a nação está pagando por ter sido boa parte da população brasileira responsável pelo empoderamento do bolsonarismo. Sendo que ninguém foi enganado. Aqui não cabe a desculpa esfarrapada de que “eu não imaginava”. Nem mesmo a cortina de fumaça criada pelo presidente, que governa em uma fajuta teocracia militar, ameaçando dar um golpe e instaurar uma nova Ditadura Militar, promovendo a tortura ao patamar supremo da pilantragem das armas no poder, tem o poder de camuflar o fracasso colossal do governo Bolsonaro, cheio de arroubos nazistas e parco de competência mínima. Vale ressaltar que não foram levados à análise a lista descomunal dos recentes escândalos de corrupção, que também estão como alvos a serem escondidos pela fúria golpista deste presidente que trabalha pouco e mente muito. Nem mesmo a espantosa habilidade de pastores e bispos que “protegem” a governança do clã, de conversar com demônios e convencê-los a saírem de corpos alugados pelo estelionato religioso, será capaz de fazer sumir de repente a realidade brasileira. Nem mesmo fazendo arminha.

Foto do texto: Adriano Machado/Reuters

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