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A tragédia humanitária da guerra. Por Marcos Leonel

ByDudu Correia

mar 4, 2022

 

COLUNA FALA LEONEL

POR MARCOS LEONEL

A tragédia humanitária da guerra

Por trás de toda guerra existe a história de uma grande tramoia. Todos os paralelos que sustentam os protagonismos da guerra na Ucrânia se cruzam no ponto de convergência da sordidez humana, em que pese a eminência parda de um grupo seleto de grandes conglomerados financeiros, cerca de 18% de trilhardários no mundo, que roubam o dinheiro público das nações e escravizam o resto da população mundial. Restos, é assim que o povo desalentado do mundo todo é tratado por esses que fabricam guerras. O governo americano sabia desde o princípio que a pressão para a Ucrânia participar da Otan resultaria em guerra. Era essa a intenção do governo americano desde o princípio: provocar o caos da guerra, sem participar da guerra, sem sofrer os danos colaterais da guerra, fazer com que os estados fracassados processem a guerra e se esmaguem em seus escombros. Os estados fracassados são capachos do governo americano. O governo americano é capacho dos grandes conglomerados financeiros.

 O povo é capacho da sua própria ignorância, uma vez que ele é a chave de tudo, pois não existe exploração política sem a vassalagem do povo. O povo nunca chegará a ser François Leclerc du Tremblay, o famoso Padre José, a famosa primeira eminência parda da história da geopolítica moderna. O povo jamais influenciará em alguma coisa que se torne proveitosa para o próprio povo. O Padre José tramou a favor do Cardeal Rechilieu ao manter uma rede de monges informantes, fornecedores de verdades e mentiras, espalhados pelas diversas zonas de conflito. Não existem dúvidas que o Padre José foi o maior influente do tratado de Westfália, que passou a delinear a noção do estado-nação moderno, estabelecendo as relações burocráticas que justificam a existência dos governos e seus desdobramentos opressores do povo, quando o povo é quem paga os impostos e, na forma cívica do voto, sob a luz “protetora” divina, escolhe de bom grado aqueles que irão explorar o próprio povo, aqueles que vão aniquilar o próprio povo. Nem Lecrerc e nem Rechilieu eram do povo, eram da elite. O tratado de Westfália nunca teve o povo como prioridade quando gerou as noções de soberania estatal e equilíbrio de poder. Para o povo sobrou historicamente a obrigação de servir à pátria e ser bucha de canhão quando assim for conveniente para a poderosa eminência parda da pós-modernidade.

 A guerra na Ucrânia não permite que o povo escolha morrer de bala ou vício, como disse o poeta tropicalista. Não existe guerrilha contra a guerra. Não existe poesia nenhuma em nenhuma guerra. Não existe escolha. Na guerra o povo é despovoado. Na dialética dessa guerra pós-moderna existe a multiplicidade das mazelas, dos aniquilamentos, dos sofrimentos e dos prejuízos materiais e imateriais. A indústria da morte tem passado por atualizações sofisticadas e infinitamente cruéis. Para além de bombas, balas, tanques, morteiros, granadas, prisioneiros, torturas, refugiados, fome, sede, medo e frio de morte, existem as sanções econômicas, a maior engenharia de morte que o homem foi capaz de inventar: morrer pela impotência de ser povo. Aos refugiados da Ucrânia se juntam os refugiados da Palestina, da Somália, da Síria, da Líbia, do Afeganistão, e todos os outros refugiados de todos os outros países que se assemelham ao Brasil, que tem uma necropolítica como instrumento de dominação e que estão em guerra constante contra o próprio povo. Mas existe uma seletividade nessa ordem, nem todos os refugiados são merecedores de destaques comovidos da imprensa corporativa internacional e nacional, nem todos merecem a comiseração de estados movidos pelo estranho querer solidário.

Para a eminência parda não importa se é um negro ou um branco, uma criança ou um adulto que está estatelado na lama, morto com o tórax aberto por uma granada. Como também não importa que tipo de governo está sendo financiado para manter o mercado financeiro. Quem vai morrer na guerra e quem vai morrer pela ação macabra das sanções não fará a menor diferença, como não fez até agora em tempo nenhum. As famílias destroçadas, as cidades destruídas, o futuro exterminado fazem parte de um universo à parte, muito, mas muito distante da bolha em que vivem os trilhardários. Biden e Putin não se matam, matam os outros. Os dois se consomem assustadoramente para a manutenção do poder dos mais poderosos ainda. São marionetes manchadas de sangue e seboseira moral. Imagine, então, o quanto é humilhante a figura de Bolsonaro. Enquanto esse pateta se refestela com a orgia de um cartão corporativo em cima de um jet ski, feito um adolescente assistindo um filme pornô, os trilhardários estão todos entusiasmados com seus novos brinquedos tecnológicos, estão todos ansiosos em criarem transportes coletivos para turistas, que farão a linha entre a terra, sempre redonda, para bases lunares, ao custo da escravidão do povo, que se matam na guerra dos outros, que são vítimas de sanções econômicas oriundas de uma guerra dos outros.

 Sem dúvidas nenhuma o Brasil já está de mala e cuia na história dessa mais nova tragédia humana. O aumento exorbitante do barril de petróleo, por si só, será suficiente para bombardear o Brasil inteiro, de forma gradual e duradoura. O estrangulamento da sociedade brasileira terá o auxílio tenebroso da postura imbecilóide de Bolsonaro em se posicionar a favor de Putin, depois de ter batido continência à bandeira americana. Os fertilizantes russos são incapazes de fazerem desabrochar a economia brasileira. Dessa vez, o aumento dos insumos agrícolas e a paralização da produção de bens com necessidade urgente, não beneficiarão a elite brasileira que vive a orgia da política cambial canalha, o caos está se estabelecendo. O caos é o inferno. O inferno não tem água encanada e nem ar condicionado que dê jeito. A área de recreio do caos é a destruição em massa, a destruição de famílias inteiras, sem que seja preciso pegar em armas para defender uma nova ordem mundial. O mundo corporativo está na sala da frente das casas brasileiras, sentado no sofá em frente à televisão, vendo a imprensa corporativa fazer a defesa dos bandidos, ele se reconhece e ri satisfeito. Ele chegou com uma nota promissória assinada pelo maior estelionato político brasileiro, ele alega que precisa de sangue novo para manter suas guerras, ele disse que vai levar tudo. Ele disse que se a família não concorda, não vote mais nele nas próximas eleições. Bolsonaro copiou essa frase, da mesma forma que está copiando essa nova tragédia humanitária da guerra na Ucrânia.

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