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A carta, o memorando, a filosofia e o poder do giz. Por Bernardo Melgaço

ByTarso Araújo

jan 14, 2022

Bernardo Melgaço da Silva

Professor aposentado da URCA(CE) e escritor

                                                        

A universidade desempenha um papel importante no processo de construção do conhecimento que a sociedade mais tarde transforma em cultura através da utilização da tecnologia e seus produtos simbólicos. Hoje, usamos comumente palavras como fax, computador, internet, xerox, rádio, televisão, etc.

O uso automático dessas palavras significa que incorporamos em nosso meio as descobertas científicas e nos moldamos em relação a elas. O telefone celular é um exemplo presente e marcante! Todavia não nos damos conta que o início desse processo se deu na escola e na universidade.

É nesses espaços que a matéria-prima conceitual é trabalhada para se transformar efetivamente em conhecimento com um fim utilitário e social. Mas, junto com os produtos utilitários vem também as ideologias e a visão de mundo  e seus subprodutos derivados de concepção do que é o bem último e primeiro na herierarquia das necessidades humanas.

Priorizamos mais certos aspectos cuja finalidade determinam e fundam um sentido de vida e modo de produção social. As armas químicas, físicas e ideológicas surgem, infelizmente, dessas concepções no seio das escolas e universidades.

A crença positivista que depositamos nas várias concepcões do real, internaliza no homem moderno a visão de que ele pode e deve fazer de tudo para se libertar e conviver de um modo ético ou anti-ético, social ou anti-social, humano ou animal. A inteligência se aflora quando o homem se põe em exercício dedutivo, lógico e funcional.

Mas, esse exercício mental distanciado de um outro exercício não-dedutivo, não-lógico e não-funcional produz um homem racionalmente inteligente ou “culto”, porém  alienado daquilo que é mais essencial na natureza humana: o desenvolvimento da sensibilidade. É nesse ponto que devemos pensar a respeito do processo educacional quando assistimos perplexos professores com títulos de especialistas, mestres e doutores tendo atitudes morais semelhantes aos indivíduos instintivos com pouca ou nenhuma formação intelectual.

Então, nos perguntamos: Por que esses indivíduos que se dedicaram anos a fio a compreenderem o universo natural e social não conseguem traduzir todo esse conhecimento num exemplo de conduta ética durante um processo político acadêmico na escolha do reitor, do governador e do presidente da República?

Esqueceram as verdades que passaram em salas de aula antes desse processo político ou, então, nunca se deram conta que optaram em crescer apenas intelectualmente e por isso são uma dupla concepção ontológica homem-besta? Podemos dizer que existem dois caminhos a trilhar na construção do conhecimento e da base ética-moral?

É exatamente isso que descobri e tentei passar em minhas duas teses de mestrado e doutorado. Não basta  apenas ensinar ao homem uma especialidade…porque pode se torna um cão ensinado! – disse uma vez  A . Einstein. Gandhi corrobora essa afirmação. E Gustavo Corção em seu livro AS FRONTEIRAS DA TÉCNICA (Rio de Janeiro: Ed. AGIR,1963) diz que tem mais medo da carta, do memorando e da filosofia do que do revólver, isto porque é a partir das cartas, memorandos e filosofias que nasce a arma.

E eu digo que tenho mais medo do poder do giz do que qualquer arma inventada pelo homem. O conhecimento científico subordinado às ideologias (qualquer uma delas) é o anti-cristo. E, infelizmente, a prática de sala de aula vem se tornando o instrumento mais poderoso de fabricação dessas armas ideológicas. A neutralidade científica é um mito! A prática da ciência precisa estar acima das ideologias!

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