• 27 de abril, 2024 07:37

Primeiro degrau. Por Alexandre Lucas

ByTarso Araújo

mar 26, 2024

Alexandre Lucas

Pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas

Acordei com a almofada de  lado e meus pensamentos circulando em tua boca. A lua iluminava as lembranças da noite que não saiu do primeiro degrau. Portas fechadas.  O desejo  transbordando e a resistência costurando os limites.  Naquela noite bebemos um pouco de nós, colocamos as cartas na mesa e tentamos decifrar as linhas que se perdiam na tímida massagem.

Deixei de reparar a lua, estava distante.  Os postes meia luz,  o silêncio, a rua, a conjugação que nos abarcava. Seguimos de mãos dadas, tentando corresponder os passos. A poesia sussurrava, mas era preciso dar forma ao poema, entender a sua dimensão, o seu ritmo, mas a paixão, o amor e o sexo não cabe no poema. O poema é pequeno diante das noites  e dos girassois, das trovoadas e das ausências. Tem  roseiras na estrada, roseiras são roseiras. Confusas ideias sobre permanecer e voar pintam as nuvens.

Guardo o decote da noite, o mesmo decote da primeira estação. Faz sol, as estrelas se aproximam e tua boca tem poder. Embaralho, embrulho e abro a conexão  com a delicadeza que deve ser o  parto que sempre anuncia medo e alegria.

 

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