• 27 de abril, 2024 03:24

Domingos e Chiquinho Brazão: as relações dos supostos mandantes do assassinato de Marielle com o clã Bolsonaro

ByTarso Araújo

mar 24, 2024

Dois dos três suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomespresos neste domingo (24) pela Polícia Federal (PF), tinham relações próximas com a família Bolsonaro.

A PF prendeu Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ); Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro e irmão de Domingos; e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil – os três são apontados como “autores intelectuais” do crime brutal que estava há 6 anos sem respostas.

Os nomes dos mandantes do crime foram obtidos a partir da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, suspeito de participação no assassinato que está preso desde 2019.

A motivação exata para o assassinato ainda é desconhecida, mas as investigações apontam que haveria relação com a expansão territorial da milícia na capital fluminense.

Domingos Brazão e Flávio Bolsonaro 

Os passaportes diplomáticos concedidos durante o governo Bolsonaro à esposa e ao filho do deputado federal Chiquinho Brazão (UB-RJ) é apenas um dos laços que ligam as duas famílias, que têm relações históricas com a milícia que atua na região de Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio de Janeiro.

Apontado por Ronnie Lessa como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o irmão de Chiquinho, Domingos Brazão, que atualmente é conselheiro do TCE-RJ, já foi deputado estadual e, em sua época de parlamentar, atuou em dobradinha com Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a quem tinha como uma espécie de pupilo, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),

“Vossa excelência é um deputado jovem e, mesmo assim, percebe-se, não somente pelas suas afirmações de hoje, mas pela sua postura em plenário, que vossa excelência procura preservar o que há de melhor, a maior instituição, que é a família. Infelizmente, há aqueles que apostam no contrário. Vejo parlamentares apresentarem projetos que visam liberar casamento de homem com homem, mulher com mulher e outras coisas. V.Exa., embora sendo jovem, ainda mantém essa postura firme, que, com certeza, é fruto da educação de seus pais, uma questão de criação”, disse Brazão dirigindo-se a Flávio Bolsonaro na sessão de 4 de março de 2006 da Alerj.

O afago ocorreu após o filho de Bolsonaro elogiar o projeto de Brazão para conceder o título de cidadão ao pastor Sebastião Ferreira, da Primeira Igreja Batista de Vila da Penha, que morreu em 2017.

A dobradinha entre Brazão e Flávio Bolsonaro se deu em diversas propostas na Alerj. Em 2014, Brazão foi o relator do projeto de Flávio para criar o programa Escola Sem Partido no sistema de ensino fluminense. No mesmo ano, os dois atuaram juntos na Comissão de Constituição e Justiça da casa.

Além das pautas de costumes, Flávio Bolsonaro e Domingos Brazão faziam dobradinha na defesa das milícias do Rio de Janeiro. Em 2006, quando Marcelo Freixo criou a CPI das Milícias, somente os dois se posicionaram contra.

Delator de Brazão, Ronnie Lessa morava a cerca de 100 metros da residência do clã Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra. Em “A República das Milícias”, o escritor Bruno Paes Manso diz que Lessa era “um matador avulso, mas mantinha contatos com o Escritório do Crime e com milicianos de Muzema, ligados ao capitão Adriano”.

No livro, o jornalista ainda fala da relação de Lessa “com figurões, como Rogério de Andrade e Domingos Brazão”

“Capitão Adriano”, a que se referia, é Adriano da Nóbrega, que comandava o Escritório do Crime e empregou a mãe, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-esposa, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Segundo MP-RJ, as duas faziam parte do esquema de “rachadinha” no gabinete.

Morto em 2020, o miliciano foi apresentado ao clã Bolsonaro por Fabrício Queiroz, que também tem ligações com a milícia de Rio das Pedras.

Durante as investigações sobre a morte de Marielle, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apreendeu uma agenda com a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. Na agenda-guia, que deveria ser usada por Márcia para ajudar a família caso Queiroz você detido, há um coronel identificado como amigo de Queiroz e “braço direito do Bração (sic)”, uma possível referência a Domingos Brazão. Na caderneta ainda haviam nomes de pessoas ligados ao clã Bolsonaro e também a Adriano da Nóbrega.

Outro elo entre Flávio e Brazão, que faziam parte da bancada da “segurança pública” na Alerj, é o ex-assistente de câmera Luciano Silva de Souza.

Souza foi colocado em 2019 pelo padrinho, Domingos Brazão, o cargo de subdiretor da TV Alerj, o mais alto da hierarquia do departamento, e ficou responsável por gerir um contrato de cerca de R$ 800 mil mensais (quase R$ 10 milhões anuais) com uma empresa terceirizada, a Digilab. No currículo, Souza listou atuações em recentes campanhas eleitorais do PSL, como a de Flávio Bolsonaro ao Senado.

Chiquinho Brazão e o apoio a Bolsonaro 

O deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), irmão de Domingos Brazão, apoiou Jair Bolsonaro em sua candidatura para reeleição em 2022. O parlamentar  é um dos principais nomes da família Brazão, uma das mais poderosas da política carioca.

Em suas redes sociais, Chiquinho compartilhou diversos vídeos em outubro de 2022 fazendo campanha para Jair Bolsonaro, inclusive ao lado do senador e filho do ex-presidente Flávio Bolsonaro.

Veja vídeos no portal Revista Fórum: 

 

Fonte: Revista Fórum

 

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