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Lula, o segundo turno e a arte de subir no muro ajudando a barbárie

ByDudu Correia

fev 25, 2022

Lula, o segundo turno e a arte de subir no muro ajudando a barbárie

Um texto para ser lido e refletir. No blog de Moisés Mendes ele faz uma reflexa sobre aqueles que em 2018 subiram em cima do muro e deixaram o fascismo avançar no Brasil. E agora, o que esse povo vai fazer? Votar em Lula ou fingir que Bolsonaro é normal? A reflexão, entretanto, cabe mais um ponto: e os setores de esquerda que fazem todo tipo de acordo, mas quando se fala em candidatura Lula fingem tapar o nariz? Para onde vai essa esquerda festeira que faz de conta que é radical para não apoiar Lula? Perguntas que precisam ser feitas. Leia abaixo o texto de Moisés Mendes com boas reflexões.

 Há uma dúvida razoável, que a maioria ainda escamoteia, porque é um dilema histórico que envolve omissões, surpresas, covardias e traições.

Esta é a dúvida: quem, entre os que já se habilitaram a concorrer à presidência da República, apoiará Lula num segundo turno contra a extrema direita, considerando-se que Bolsonaro dificilmente sai do páreo?

Tirando Sergio Moro, quem mais saltará fora ou ficará em cima do muro ou pode até declarar apoio a Bolsonaro? O que Ciro Gomes fará desta vez?

Para que lado irá João Doria, mantendo ou não a candidatura até o fim? Doria dará apoio protocolar e frouxo a Lula, ou será categórico?

E Eduardo Leite voltará a ser o bolsonarista de 2018? E Simone Tebet também será uma apoiadora enrolativa? E André Janone, esse camaleão do Avante, dirá o quê?

Não é uma dúvida qualquer. Sempre lembrando que em 2018 o gesto mais radical foi o de Ciro Gomes, que decidiu passear em Paris, enquanto o Brasil caminhava em direção ao fascismo.

As atitudes no segundo turno darão a dimensão dos compromissos com a democracia. Desta vez, não há como esperar que candidatos considerados de centro fiquem em cima do muro.

Em 2018, entre o primeiro e o segundo turno, Bolsonaro fez o famoso discurso, transmitido ao vivo para a Avenida Paulista, em que prometeu prender, expulsar do país ou matar os inimigos ”na ponta da praia”, como faziam na ditadura. Muita gente achou engraçado.

Bolsonaro mostrou as unhas naquele discurso, para que ficasse claro o que ele representava. Mas muita gente diz hoje que se desiludiu com o sujeito.

A desilusão é o sentimento que mais aparece nas pesquisas, quando perguntam aos frustrados com o governo o que eles sentem hoje.

Mas são desiludidos em relação a quê? Se há desilusão é porque havia uma ilusão. O eleitor bolsonarista de ocasião, que se desiludiu, já teve tempo para reavaliar que fez.

E só há um jeito de começar logo a reparação. Votar em Lula e ajudar na reconstrução do país. É também o que os candidatos que não forem para o segundo turno devem fazer.

Nas atuais circunstâncias, desta vez é possível esperar um gesto de grandeza de Ciro.

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Escreve também para os jornais Extra Classe, DCM e Brasil 247. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora.

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