• 8 de maio, 2024 00:33

Uma assombração de chapéu. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

ago 20, 2021 #Cariri

Texto de  Íris Tavares

Nessa última sexta-feira, 13, uma assombração percorreu o contorno aéreo do Cariri, a rotatória do Crajubar e se aventurou nas ruas de Juazeiro do meu Padrinho Ciço. Em sua companhia a corte dos machos e seus penduricalhos escorados nos títulos de mandatários, prefeito, deputado, vereador e o assessor dos generais. Todos de pajem a espremer sorrisos numa animação incauta de quem acende o fogo do incendiário de plantão que anda por aí desfilando a tragédia social e a mais longa crise sanitária que campeia de Norte, Nordeste a Sul e Sudeste desse pais.

O trambolho por onde passou deixou esse sentimento de vazio, do caos, da intolerância e do desprezo que tão bem caracteriza o seu discurso e as suas atitudes. No palanque,  ao se mostrar para as famílias que lutam para conquistar o direito à moradia, fez um aceno tão pequeno que podemos traduzir como velho assistencialismo que volta a ameaçar a cidadania plena.

O inominável não sabe de nada da nossa nação Cariri, do berço verde da chapada do Araripe e de suas filhas e filhos originários. Indígenas, negras que nos conceberam. Não merecia receber a estátua do meu padrinho Ciço. “Ele Não”.

O apelo continuou na fila de carros que desfilou solitária buscando uma viva alma para aplaudir aquele que debocha da pobreza, tanto que a expurgou do orçamento da União. Mesmo assim,  o sem jeito seguiu à risca o protocolo de visita ao monumento de meu Padim.

Sempre tem alguém no ambiente político pronto para vender e negociar os símbolos da luta e da identidade popular.

Foi uma visita besta, sem futuro, porque meu Padim não estava lá.

Aproveitou a invasão de presença nefasta para se ausentar, se abstrair desse campo térreo da sua forte conexão espiritual com o mundo dos encantados. Meu padrinho não morreu à toa, fez a sua escolha, por isso sabe muito bem quem é a favor dos pobres.

Depois dessa visita carregada do nada, com semblante de coisas danosas é urgente a desinfecção dos ambientes, nas ruas e estradas por onde esse vírus transita. “Ele passará, nós passarinhos”.

#Fora, Bolsonaro!!

Foto: jornal Diário do Nordeste

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *