Luciana Bessa
Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler e Coordenadora da Roda de Poesia no Gesso
Você já parou para pensar o que seria das obras literárias se não fossem os leitores? A própria existência da Literatura estaria comprometida, porque não há uma arte sem público. Os autores produziram suas obras e elas acabariam esquecidas nas prateleiras das bibliotecas das escolas, das universidades ou dentro de uma gaveta empoeirada dentro de um escritório.
O livro fechado é como uma casa sem dono. Não apresenta nenhuma importância. É o leitor quem legitima ou não uma obra. O escritor escreve para ser lido, analisado, debatido e questionado. Ele quer se fazer ouvir, discutir, levantar questões, estabelecer relações com fatos históricos, com outras áreas do conhecimento ou mesmo com outros autores.
Por meio do leitor, texto e autor ganham sentido, atingem a imortalidade. Dessa forma, cada leitor confere a sua leitura os traços de uma compreensão da obra que melhor lhe parece. Compreender uma obra requer que o leitor compreenda a si próprio, porque a leitura tem a ver com empatia, projeção, identificação.
O livro é sempre enriquecido pelo leitor, porque cada vez que ele o lê, um novo fato é descoberto, um mistério é desvendado. É como se as palavras apresentassem novas conotações. A leitura e a interpretação nunca são as mesmas. A boa leitura exige interação e participação. Ser leitor não é ser um simples contemplador do texto. É, antes de tudo, ‘assumir responsabilidade’ por ele, é reescrevê-lo se necessário, é excluir a pessoa mais íntima de seu convívio durante o ato de ler, é extrair do silêncio o ambiente adequado à sua leitura.
Em nossa era, o fenômeno literário se modificou. Já não lemos com os mesmos objetivos de outrora. O “leitor incomum” transformou-se em “comum”. É um tipo que não cultiva o silêncio, a memória, o prazer, a satisfação e o deleite diante de obras raras.
Cada livro é um convite e um desafio ao universo das insubmissas palavras e ao mundo do silêncio, que somente poderá ser desvendado quando ele for aberto e lido. Aqui, reside a importância do leitor. Sem ele, o livro será sepultado; através dele, compreendido, reinterpretado, ganhará novo sentido e conotação; a literatura será propagada, novas culturas serão descobertas. Leiamos sempre!