O golpe militar no Brasil no ano de 1964 não é uma data para entrar nos momentos comemorativos da nossa história. A redentora (como chamava o grande Stanislaw Ponte Preta) foi um golpe na sociedade. Gerou corrupção, morte de opositores em prédios públicos, tortura, fome, miséria, analfabetismo, descontrole na inflação e desemprego. Nada a comemorar.
PÁGINA 2 BRASIL
Publicado no jornal Leia Sempre Brasil
O golpe em 1964 nos trouxe atraso econômico, corrupção, analfabetismo, inflação alta, morte e tortura de opositores
É para rir ou para chorar. Mais para chorar. O golpe militar de 1964 completa nesta sexta-feira, 31, exatos 59 anos. Tivemos um governo militar autoritário durante 21 anos (1964-1985) e os militares só saíram do “poder” depois de muitas lutas da sociedade brasileira.
Durante a ditadura militar no Brasil não foram poucos os casos de corrupção, de morte de opositores, torturas, fechamento do regime, parlamentares e governadores perderam mandatos. O congresso foi fechado. Juízes, servidores, artistas, intelectuais, religiosos, sindicalistas, muita gente foi perseguida, alguns mortos.
Os inimigos do regime eram tratados como terroristas. O Estado brasileiro se transformou no espaço privilegiado para agir em nome de governos ilegítimos, escolhidos por meia dúzia de militares que usaram da força para manter esses mesmos governos violentos e carregados de corrupção. Colocaram fim nas eleições para presidente da república e governos. E prefeitos das capitais.
O fechamento do regime político foi se dando de forma gradual. O AI-5 é o ápice do fechamento do regime, possibilitando que os militares ficassem ainda mais violentos contra os opositores, em especial grupos e partidos de esquerda, mas contra o conjunto da sociedade, perseguindo milhares de pessoas, torturando, exilando, demitindo do emprego ou mesmo assassinando.
Na liturgia militar que até hoje perdura nos quartéis o golpe foi para impedir a implantação do comunismo em nosso país. Nada mais falso. O golpe foi contra o legítimo governo de João Goulart (1919/1976) que estava propondo apenas as famosas reformas de base. O comício da Central do Brasil é apontado como o estopim para o golpe, pois nesse comício que Goulart estabelece o que seriam as tais reformas de base.
Segundo Goulart, as reformas de base estipulavam uma reforma agrária, reforma fiscal para promover justiça social, uma reforma eleitoral incluindo analfabetos e militares de baixa patente, uma reforma urbana e educacional, dentre outras ideias que soaram como perigosas para a elite que se uniu aos militares para derrubar o governo e instalar governos de terror.
Nesta sexta-feira, 31, não é momento para comemorar. Nada há o que comemorar. Durante os governos militares foram governos que geraram desemprego, fome, violência política com assassinatos de opositores, destruição da democracia brasileira, inflação alta e deixando como legado uma inflação estratosférica que só veio ser resolvida no governo Itamar Franco no ano de 1994, com o plano real.
Outro exemplo de governo militar no Brasil não deixou saudades. O governo corrupto de Jair Bolsonaro assusta ainda a sociedade brasileira, sem falar na escalada de ódio, no discurso violento, na tentativa de destruição da democracia, no reforço ao discurso nazifascista, sem falar na catástrofe econômica e social.
A democracia brasileira é muito importante e valiosa para ser trocado por governos ditatoriais. Por isso, que em 1985 a sociedade se mobilizou e derrubou os governos militares. E em 2022 numa eleição repleta de esquemas montados pelo capitão presidente o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) com a ajuda de uma frente ampla, movimentos e o povo, conseguiram derrotar a continuidade do que poderia nos colocar em um regime mais autoritário do que o Brasil viveu entre 1964 e 1985. E muitos militares apoiaram Bolsonaro sonhando com esse novo governo autoritário. Que não aconteceu.