• 4 de maio, 2024 09:23

O velho continua vivo. Por Alexandre Lucas

ByDudu Correia

dez 31, 2022
Tinha uma estante enorme: livros com capas dura, dessas que aparecem em filmes. Os livros possivelmente tinham conteúdos, mas eram decorativos e serviam para criar uma narrativa que se sustentava apenas pela aparência. A essência é mais exigente para ser enxergada. Diante daquela estante, assisti aquele velho chorando, se engasgando com as palavras, parecia ser sincero, em alguns momentos, pensei em fazer cafuné ou oferecer uma água, mas preferi friamente observá-lo como se ele estivesse no leito da morte.
Naquele instante, leio uma cientista política, agradecendo ao velho, como se escrevesse para seu pai, com doçura, crença e orgulho. Ela estava convicta no seu mar de emoções, como se vivesse num mundo paralelo, acredito que esse mundo existe e está mais próximo de nós do que as telas das redes sociais que acessamos.
O velho inicia sem saber definir o que é férias e recesso, mas como pode? Fico me perguntando, enquanto penso na cientista política que poderia escrever literatura, que tem mais haver com a emoção do que com a ciência, ou ainda, ser uma pastora que arrasta multidões, invoca sorrisos e lágrimas capazes de fazer tremer a razão e o amor. Capaz até de desaparecer com a verdade.
Parece um adeus. O velho fala manso, chora e diz que arma de fogo diminui a violência. Os fiéis marcham e cantam para o velho e as velhas ideias. O velho desaparece nos céus.
Do outro lado, existe uma festa em que os livros são lidos, cientistas escrevem ciência e o ódio vira tapete para amor. Calma, a festa poderia ser interrompida a qualquer momento, o velho continua vivo.
Pedagogo e artista/educador

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