• 19 de maio, 2024 12:18

Um pangaré dentro de uma bolha de mediocridade

ByTarso Araújo

set 30, 2022

A dois dias das eleições de 2022, é fácil constatar que o estrago causado pelo bolsonarismo não será digerido tão facilmente como parece. Não se trata apenas de destruir as políticas públicas e as instituições democráticas brasileiras, bem como esmigalhar a dignidade do povo brasileiro, criando um curral administrativo para engordar, com a roubalheira do dinheiro público brasileiro, o grupo de beneficiados da escória fascista que forma a ralé teocrática brasileira. A coisa vai bem além disso.

A dois dias das eleições de 2022, o Brasil testemunhou um empresário lamber uma escopeta de forma degenerada, após ostentar armas nas ruas de São Paulo, clamando por um golpe militar prometido pelo presidente do Brasil, em um exemplo típico da capacidade de Bolsonaro em despertar o que há de pior em seus seguidores, formando uma milícia mais assassina do que nacionalista. Sendo que o que explica o processo de identidade da ralé com a degeneração maiúscula do maucaratismo não é necessariamente uma questão ideológica.

A dois dias das eleições de 2022, o grande pacto de ocupação do poder após o golpe contra Dilma Rousseff começa a sua trajetória de desintegração, deixando expostos a olho nu, todos os ratos, ratazanas e similares, que tentam disfarçar pateticamente que não são roedores dos esgotos do poder, que apenas estão deixando de ser pessoas do bem. Agora a desculpa é que foi um erro de avaliação ter acreditado na jurisprudência da lava-jato, ter comprado a narrativa do supremo e ter assumido o papel de Chapeuzinho verde e amarelo diante do lobo vermelho, expelido pelo reto da imprensa sebosa.

A dois dias das eleições de 2022, já é tempo de entender que a frente ampla necessária precisa ser depurada, mediante o flagrante delito da aproximação por osmose de alguns elementos, personagens, personalidades e párias tradicionais, que há bem pouco tempo atrás bradavam que Lula estava preso, “babaca”, que era preciso mudar, que era preciso dar uma chance ao capital respirar sem o peso do Estado. Para esses, que são náufragos que não querem ser confundidos com o naufrágio, Bolsonaro era um velho conhecido nazista reacionário, e que por isso mesmo, deveria ser empalado no poder, como forma simbólica de demonstrar que o financismo financia quem ele quiser.

A dois dias das eleições de 2022, o pangaré se estrebucha dentro de sua bolha de mediocridade, vomitando as velhas mentiras de sempre, exercendo com esmerado desespero a sua condição de pária. Deve agora estar imaginando como teria sido bom se ele tivesse estudado, se não tivesse se inclinado tanto, perdendo tanto tempo lustrando os coturnos apócrifos, se resumindo a mostrar a bunda branca para seus asseclas, em vez de mostrar um dia apenas de trabalho. Na realidade trabalhar dá trabalho. Só quem ganha facilmente um dia de trabalho é quem bota a vida na mira de uma arma, é quem é bandido.

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