COLUNA PANORAMA POLÍTICO
POR TARSO ARAÚJO
Os destemperos de Ciro Gomes
O presidenciável Ciro Ferreira Gomes (PDT) pode-se dizer teve e tem uma carreira política que poucos tem no Brasil. Aqui pelas bandas do Ceará ele já foi tudo. Foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de Fortaleza e governador. Foi também Ministro de Estado nos governos de Itamar Franco e Lula.
Ciro Gomes sempre foi conhecido por seu gênio forte e também por sua inteligência. É uma pessoa que tem estudo, academia, inteligência, saberia tranquilamente debater vários problemas brasileiros em um debate público com qualquer dos atuais pré-candidatos a presidente, tem sagacidade e raciocínio rápido.
Entretanto, nos últimos tempos e acredito por conta de sua virada na política se afastando do campo progressista e tentando se viabilizar como a terceira via, ou seja, no campo da direita, vem perdendo a compostura em alguns momentos, falando verdadeiras asneiras e perdendo a oportunidade de ficar calado.
Nesta semana o deputado federal Capitão Wagner aproveitou suas redes sociais e disse que “entrei para o seleto grupo de pessoas que são agredidas por Ciro Gomes: no café da manhã ele esculhamba o Lula, na hora do almoço bate no Bolsonaro, no chá da tarde agride o Moro e não consegue me esquecer antes de dormir”.
Ciro tem sido bastante criticado ainda por lideranças do Partido dos Trabalhadores que não aceitam mais as estripulias do pré-candidato do PDT fazendo todo tipo de ataque ao ex-presidente Lula. Há inclusive lideranças do PT cearense que por conta da postura de Ciro queira distância do palanque do PDT no Ceará.
Alguns petistas articulam, inclusive conversa com Lula para afastar o PT do palanque do PDT e os petistas terem uma candidatura própria. Lideranças nacionais do PT falam ainda de boa relação com o PDT, mas nunca com Ciro Gomes.
Um dos destemperos mais famosos de Ciro foi dizer ano passado que “rompeu com o lulopetismo neoliberal tosco” e ainda colocou a culpa pela existência de Bolsonaro e seu mandato de presidente ao Lula, esquecendo que no segundo turno das eleições de 2018 foi para Paris e não combateu o fascismo que ele diz agora combater. Se é que foi mesmo para Paris.
Ciro deveria ter mais calma. O ex-senador Cristóvão Buarque dia desses se pronunciou sobre o bate-boca de Ciro com dirigentes petistas. E afirmou: “cada vez que ouço os destemperos do Ciro, no estilo Bolsonaro, aumenta a percepção de que o melhor nome é Lula”.
Vai ver o destempero que poderia ser uma estratégia esteja dando completamente errado.