COLUNA PANORAMA POLÍTICO
POR TARSO ARAÚJO
O grande problema da aliança entre PDT e PT no Ceará é o presidenciável Ciro Gomes
O ex-governador cearense, ex-ministro e ex-prefeito, enfim, ex-tudo Ciro Ferreira Gomes vem dando sinais, segundo apontam as pesquisas de opinião de que terá muitas dificuldades para chegar no segundo turno das eleições presidenciais deste ano.
Ciro Gomes tem duas grandes barreiras e precisa, pelo menos, vencer uma delas. A primeira é o presidente Jair Bolsonaro que mesmo com todas as dificuldades, com uma alta rejeição e um péssimo governo resiste e fica na segunda colocação na disputa. Bolsonaro tem 23% das intenções de voto e fica bem longe do terceiro colocado a terceira via que são Sergio Moro e o próprio Ciro Gomes ambos com 7% das intenções de voto.
A outra barreira, que avaliamos seja praticamente intransponível para Ciro Gomes é superar o ex-presidente Lula (PT) que na última pesquisa de opinião pública divulgada fica em primeiro lugar com 45 por cento das intenções de voto, podendo matar a fatura em primeiro turno (o que acho meio improvável).
Mas as dificuldades de Ciro não são apenas na corrida presidencial. No Ceará, por exemplo, o presidenciável vem colecionando desafetos em várias frentes e isso vem atrapalhando sua performance como pré-candidato a presidente e atrapalha em muito o seu partido, o PDT.
Por mais que seu irmão Cid Gomes (PDT) venha se empenhando junto ao governador Camilo Santana (PT) e junto ao próprio PT para manter a aliança entre o PDT, PT e outras legendas o presidenciável Ciro Gomes em nada ajuda, pois ao falar, ao fazer campanha agride os possíveis aliados no Ceará.
Nesse sentido, e por insistir em ter como missão “desmascarar” Lula e o PT, um grupo de petistas com força eleitoral como os deputados José Airton e Luizianne Lins abriram fogo contra Ciro e contra a aliança que vem sendo costurada às duras penas e com uma dose cavalar de Ciro Gomes atrapalhando.
É ainda lastimável quando falamos do PDT e o MDB. O nível de animosidade entre os Ferreira Gomes e o ex-senador Eunício Oliveira é outro dado da conjuntura política que tira o sono de toda a base aliada. O MDB poderia se somar à esse palanque mas os ataques de Ciro em 2018 à tentativa de Eunício se manter no Senado Federal abriram uma cisão difícil hoje de ser resolvida.
Atualmente no Ceará o presidenciável do PDT fica em terceiro lugar na corrida eleitoral. Ciro não é também mais aquela liderança política inquestionável. Muitos dos palanques contra seu próprio partido foram motivados por ações de Ciro Gomes nesses últimos anos, criando um clima de muita animosidade com vários setores da política cearense.
Ciro é uma metralhadora falante e precisa entender que a política se constrói com diálogos e coerência. Por outro lado, Cid e Camilo demonstram melhor aprendizado na arte de esboçar cenários e convergências para uma possível aliança. Ciro precisa ficar calado e deixar de atrapalhar Cid e Camilo na montagem do palanque eleitoral no Ceará.
