• 19 de maio, 2024 16:37

Há um nazista na privada. Por Marcos Leonel

ByTarso Araújo

fev 11, 2022

FALA LEONEL

POR MARCOS LEONEL

Há um nazista na privada

 Bial, que amava Adrilles, que amava a Jovem Pan, que amava Eduardo, que amava Carlos, que amava Flávio, que amava Queiroz, que amava Adriano, que amava Ronnie, que amava Jefferson, que amava Heleno, que amava Arthur, que amava Barros, que amava Zambelli, que amava Nogueira, que amava Damares, que amava kicis, que amava Malafaia, que amava Frias, que amava Camargo, que amava Faria, que amava Monark, que amava Kataguiri, que amava Garcia, que amava Olavo, que amava Doria, que amava Moro, que amava Bolsonaro, que amava Beatrix, que amava Hitler, que amava toda a quadrilha. Monark pode pegar 13 anos, Adrilles pode pegar 10 anos, Kataguiri pode pegar o beco, Bolsonaro pode chutar o balde, e a justiça brasileira pode pegar o crachá dos caras que não fazem nada.

Inúmeras são as matérias que circulam comprovando o desavergonhamento dos arquétipos nazistas no Brasil. Estatísticas dão conta que boa parte da elite brasileira conserva um Hitler de chumbo, manchado de sangue, num recanto limpinho do armário. Inúmeros negros, pobres, assalariados, pingentes de topik, homossexuais, professores, médicos, músicos, balconistas, almirantes, generais, soldados, influenciadores de araque, inúmeros que não são elite, mas fazem de conta, conservam o desejo de ter o poder histórico de exercer o ódio em série, que um dia Adolf Heichmann teve. São inúmeros os que sonham com a banalização dos seus desejos de extermínio. São inúmeros aqueles e aquelas que já têm a desculpa pronta para quando forem desmascarados como nazistas de fim de feira. Estava bêbado, estava drogado demais, estava ouvindo o spotify, estava com o focinho enterrado na lama e nem percebi que a máscara tinha caído, pois foi sem querer, eu jamais faria isso, Deus me livre, sou uma pessoa de bem, sempre que posso visto a camisa da seleção, tomo cloroquina regularmente.

De acordo com a antropóloga Adriana Dias, que estuda o neonazismo no país desde 2002, houve um crescimento de 270,6%, em 3 anos, com o surgimento de 530 núcleos neonazistas. A Polícia Federal confirma o aumento na abertura de casos para investigação de ocorrências de manifestação nazista ou relativização do nazismo entre janeiro e outubro de 2021, com 51 inquéritos e mais 110 inquéritos ao longo de 2020. Nunca o Brasil foi tão assumidamente pária. No entanto, não se tem nenhuma estatística revelando as estratégias de combate ao nazismo, muito menos prisões efetuadas com a mesma frequência das incidências. A naturalização do nazismo no Brasil chegou ao cúmulo do deboche, mediante o vácuo de ações. Não se conhece ninguém que conhece uma lista de nazistas presos, conhecidos de todos. No máximo vai ser afastado das funções, recebendo remunerações e gratificações garantidas por lei. Serás sempre um arrasto passageiro, serás sempre um velho conhecido de alguém, filho de fulano de tal, que está no centro do poder, sentado em uma privada evacuando suásticas, ninguém pode mexer, já nasceu assim. É a vergonha brasileira transformada em parágrafos, incisos e projetos de lei.

Depois de começada a temporada da propagação nazista, funda-se agora o reino encantado das argumentações fajutas das redes sociais. A superficialidade das infovias é proporcional ao analfabetismo funcional propagado como conhecimento de camelô científico de fisólofos ornamentais. Incluindo aí páginas oficiosas de escolas oficiosas de Luwig Von Mises, páginas de corruptelas aleatórias punguistas de Olavo de Carvalho, bem como grupos de redes sociais de profissionais liberais formados como fidalgos desaparelhados da ciência e do conhecimento a partir do plágio do TCC. Emparelhar nazismo e comunismo no mesmo saco de gatos é a mesma coisa que negar que a terra é plana, tendo como ponto de referência o calor e o brilho de uma fogueira da inquisição recuperada digitalmente por um youtuber que só sabe assinar o nome no control c control v. Mais patético do que testemunhar Leda Nagle, Maurício Souza, Antonia Fontenelle, Milton Neves, e outros contrabandos do Paraguai, repetirem piadas em forma de bosta de cabra, é testemunhar Bolsonaro tentar esconder o passado e o presente nazista, flagrado à luz do dia, cheio de dedos, tentando enfiar um elefante no fundo de uma agulha.

Não vale a pena nem se alongar em conceituações sobre o que é o nazismo e o que é o comunismo. No entanto, se faz necessário fazer o contraponto entre ambos e o capitalismo neoliberal defendido pelos nazistas brasileiros como sendo o ideal. O maior representante do capitalismo neoliberal são os Estados Unidos, o país mais bandido da história da civilização. O que os americanos fizeram no Laos, no Camboja e no Vietnã, supera qualquer atrocidade do comunismo, que existiram, como existiu o comunismo. Duas bombas atômicas sobre o Japão: o maior crime contra a humanidade. A façanha americana no Oriente Médio é sangrenta e desumana. Fazer Israel de milícia americana é um feito e tanto, mais grave ainda é bancar as atrocidades de Israel na Palestina. Praticamente todas as ditaduras militares sanguinárias do mundo pós-moderno são todas elas patrocinadas pelo Estados Unidos, inclusive a do Brasil, a que faz com que Bolsonaro se comporte como um cachorro cheirando cachorro. Com uma narina no Tio Sam e outra narina em Hitler. Em nome do conservadorismo e da fé cristã.

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