• 20 de maio, 2024 05:02

Ciro e Cid Gomes precisam do PT para vencer as eleições no Ceará

ByTarso Araújo

jan 28, 2022

Cid e Ciro Gomes. Foto: Reprodução.

COLUNA PANORAMA POLÍTICO

POR TARSO ARAÚJO

A afirmação mais correta para o momento político brasileiro e cearense atual é a de que nada está resolvido quando vislumbramos as eleições de outubro deste ano no Ceará e no Brasil.

Dizer que as pesquisas de opinião apontam Lula como favorito é uma coisa. Algo circunstancial. Mas isso pode ser revertido com os meses que vêm pela frente. Ou não. De qualquer forma ninguém de bom senso que analisa a cena política brasileira diz que é algo resolvido.

O ex-presidente Lula terá ainda muito chão para percorrer. Teremos vários embates que envolverão ainda o atual presidente Jair Bolsonaro e os pré-candidatos João Doria, Sergio Moro e Ciro Gomes, por exemplo.

Acreditamos que desses cinco sai o presidente da República, e podemos arriscar a previsão de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Mas, essa previsão terá que ser atualizada com alguns desdobramentos, como a condução do Governo Federal, a melhora ou não da economia, o processo de montagem dos palanques nos estados, o humor do mercado, as articulações de Lula, Bolsonaro e da chamada terceira via, enfim, são várias as condicionantes.

O mesmo podemos dizer do Ceará. Nada está resolvido. À grosso modo a oposição tenta montar um forte palanque com o Capitão Vagner, um político bolsonarista no método e na ideologia, mas bastante oportunista para caso seja necessário se distanciar do presidente da República.

Ao mesmo tempo a coalização que sustenta o governador Camilo Santana (PT) vai andando, administra o Ceará ao longo de 16 anos e se vê agora com vários senões.

O primeiro é que o presidenciável Ciro Gomes ataca uma das pilastras da aliança no Ceará, ou seja, o Partido dos Trabalhadores que tem em Lula seu trunfo para as eleições presidenciais.

Ciro Gomes atualmente ataca o Lua, o PT, d as esquerdas, ataca profissionais de imprensa que ele qualifica como petistas e o tal lulupetismo que é uma expressão criada pela extrema-direita para atacar Lula e tão bem serve à boca do pedetista que quer ser presidente da República.

Esses ataques não unificam a base do governo no Ceará e começam a criar problemas. Parte do PT cearense começa a se organizar e quer levar ao extremo um debate sobre o fim da aliança com o PDT de Ciro e sair com candidatura própria ao Governo do Estado. No máximo aceita aliança com o PDT desde que o partido de Ciro fique com a vice-governadoria.

Há quem defenda no PT a manutenção da aliança mas essa polêmica vai render muitos debates internos no PT. Dirigentes nacionais do partido não veem com bons olhos essa aliança no Ceará apenas por conta das conveniências estaduais. Isso pode degringolar dentro do PT e a decisão ir bater nas mãos e Lula e da Executiva Nacional do PT. Não será fácil convencer alguns dirigentes nacionais do PT das boas intenções de Ciro, Cid e do PDT no Ceará. Ou seja, muita cosia ainda vai acontecer.

Ao mesmo tempo, Cid Gomes, que é o grande articulador do clã Ferreira Gomes sabe que é importante manter essa aliança com o partido de Lula. Cid Gomes sempre se manteve longe das polêmicas de Ciro e não compartilha, pelo menos publicamente das mesmas ideias do irmão. Cid Gomes tenta se apresentar no momento atual como o articular, a pessoa que pode unificar todo mundo contra o mal maior da candidatura bolsonarista no Ceará.

Mas Cid Gomes sabe que tem e terá imensos problemas para resolver. Um deles é convencer setores mais rebeldes do PT a aceitar a aliança, e de que é negócio  o PT apoiar o PDT que tem a candidatura de Ciro Gomes atirando para todo lado e tentando imputar a Lula a pecha de corrupto.

Cid Gomes tem um forte aliado nessa batalha que é o governador Camilo Santana (PT). Com boa aprovação Camilo é defensor da aliança, tem deixado claro para aliados que seu candidato a presidente é Lula e que dá para manter a aliança e dar maioria dos votos para Lula no Ceará.

Tem gente dentro do PT que não acredita mas Camilo vem apostando alto nessa postura. Ainda mais, pode sair do governo e ser candidato ao Senado Federal e se eleger, reforçando a bancada petista fiel à Lula. Mas Camilo acredita que para isso é necessário manter todo esse bloco unido e coeso se quiser entrar numa disputa com chances reais de vitória.

Os debates estão longe de terminar. Cid Gomes articula e sabe que terá dificuldades. E o maior complicador disso tudo é a postura de Ciro Gomes que em nada ajuda a formação de um palanque de centro-esquerda no Ceará. Ciro é desagregador, tem dado a falar algumas mentiras sobre Lula e sua própria trajetória e não tem diálogo com vários segmentos políticos no Ceará.

A prova disso é que Ciro nas pesquisas de opinião no Ceará consegue ser derrotado por Jair Bolsonaro em seus próprios domínios. Ciro terá que fechar o bico por um tempo e deixar Cid, Camilo e o deputado federal José Guimarães agir.  Mas não sabemos se ele está propenso a ajudar nessa união para o Ceará não cair nas mãos de um político bolsonarista.

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