COLUNA PANORAMA POLÍTICO
POR TARSO ARAÚJO
Lula monta palanque, debate as prioridades do Brasil e aceita Alckmin na vice de sua chapa
Os últimos dias do cenário político brasileiro, com a entrevista do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva aos sites progressistas (devidamente reproduzido no Canal Leia Sempre Brasil) foi possível ver as gigantescas diferenças entre Lula e Bolsonaro, entre petismo e bolsonarismo e como o presidente Lula debater a frente ampla, as alianças com setores fora da esquerda, montar o governo e discutir prioridades para o Brasil.
Um dos pontos que chama a atenção no discurso de Lula é a serenidade. Lula não precisa vomitar em cima da plateia com faz Bolsonaro, nem ficar nervoso para falar do Brasil, para falar das prioridades que um governo democrático deve ter, para falar do movimento sindical, da luta política no Brasil e no PT e para falar de personagens da política brasileira.
Lógico que Lula rasga o verbo e destrói o governo Bolsonaro falando simplesmente as verdades que todos os brasileiros que rejeitam o atual governo já sabem que estamos diante de um governo genocida, irresponsável, incompetente, que administra um País com 213 milhões de pessoas para os milionários, um governo que detesta os trabalhadores, os negros, as mulheres, as comunidades indígenas, os movimentos sociais e sindicais, As nossas festas populares, a nossa cultura, enfim, o povo em todas as suas formas e complexidades.
Lula da Silva é um político arguto e sabe que a parada não será fácil. Não pode haver no palanque de Lula o já ganhou que às vezes presenciamos na militância e nas pessoas comuns que querem tirar logo o Brasil do fascismo. A luta será difícil e aí Lula acerta ao falar das amplas alianças, ao falar de como chegou a Jose Alencar, seu vice em 2002, e chegou mesmo a enviar um recado a Geraldo Alckmin. A verdade é que Lula topa ter Alckmin na vice em sua chapa, para tristeza de setores do PT e da direita de forma particular que não deixa de falar mal dessa aliança por saberem da boa jogada feita por Lula.
Outro ponto importante a se levar em consideração no momento atual é que os servidores federais começam a ir às ruas pois são muitas as medidas de Bolsonaro que prejudicam os servidores e o próprio serviço público brasileiro. Nesse caso, é necessário que o próprio PT coloque como prioridade a luta em defesa dos servidores, contra a reforma administrativa.
Outro ponto da entrevista de Lula que é preciso ter clareza é que o discurso de Lula não é conservador ou de conciliação com a direita. É um discurso de quem sabe que é preciso fazer um governo progressista, com variadas alianças e com objetivos claros. E isso o próprio pré-candidato já apontou nessa última entrevista e tem dito em suas redes socais.
Temas como revogação da reforma trabalhista de Temer aprofundada por Bolsonaro, mudanças na política do reajuste anual do salário mínimo e dos combustíveis estarão na pauta do novo governo. Além disso, tem a PEC do Teto dos Gastos, outro entulho da era autoritária do golpe de 2016 que precisa ser debatida e revogada com urgência.
Outro ponto que chama a atenção é a questão da política econômica. Lula não pode nem deve permanecer com a atual política econômica neoliberal de venda do patrimônio do povo brasileiro, é preciso uma nova política econômica que leve em consideração a reindustrialização do Brasil, que aumente a renda mensal dos milhões de trabalhadores, recupere direitos e empregos da classe trabalhadora e amplie o mercado consumidor nacional, dentre outras medidas importantes.
Enfim, Lula é conciliador, voltado ao diálogo, não quer extremismo nem compactua com isso, quer várias alianças para vencer bem a eleição, enquadrou o PT e a turma mais sectária e de quebra aclamou mercado e o centro político.
De quebra, defendeu que precisamos resgatar o Brasil desmantelado que será deixado por Bolsonaro, que as alianças são fundamentais para governar, que pretende recuperar o nível de vida do povo e devolver o Brasil aos brasileiros.
São muitos os pontos que Lula debateu, são muitas as mudanças que precisam ser feitas. Mas para que tudo isso aconteça é preciso uma frente ampla para derrotar o fascismo. E isso, acredito que Lula já está montando.
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