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29 anos da Fundação Casa Grande – Memorial Homem Kariri. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

jan 7, 2022

O VERBO FEMININO

POR ÍRIS TAVARES

 29 ANOS DA FUNDAÇÃO CASA GRANDE – MEMORIAL HOMEM CARIRI

Recentemente a Fundação Casa Grande, com sede no município de Nova Olinda realizou uma programação no período de 14 a 20 de dezembro de 2021. As atividades tiveram sua culminância no dia 19 de dezembro com a Renovação da Casa Grande. Um ato carregado de simbolismo, pois a entronização do Coração de Jesus nos lares nordestinos é um legado que foi semeado pelo Patriarca de Juazeiro do Norte, Padre Cícero Romão Batista. É impressionante como o legado do Padre tem forte aconchego no fortalecimento e organização do coletivo. O casal Roseane Lima Verde (in memorian) e Alemberg Quindins são protagonistas de uma experiência de grande significação e importantes transformações na vida dos infantis e de suas famílias. Em 1992 o jovem casal decidiu vivenciar a construção de um projeto de cidade das crianças. Foi assim que floriu em suas mentes e corações desde os tempos em que a inspiração da música e dos sons da floresta povoavam suas almas. A natureza e a arte escolheram aquele par de corações para uma maternidade ancestral, coletiva e repleta de significados.

A Casa Grande, a princípio, edificada pela sanha dos colonizadores, nesse recorte especifico apresenta-se reconstruída pelos sonhos dos curumins que habitavam as matas, as grutas e cavernas. Vieram com graça e sabedoria ressignificar o lugar, o papel da casa, a oca comunitária. A Casa Grande de Nova Olinda é a nossa oca. Sem dúvida não é mais aquela mal assombrada, do cativeiro, símbolo de ostentação da riqueza e do poder. Tornou-se um portal que embala o tempo e harmoniza a lenda com a realidade, sempre juntas, um par perfeito que floresce nas trilhas da Chapada do Araripe.

Desde cedo as crianças descobrem que são capazes de atuar e desenvolver atividades importantes como a gestão responsável e compartilhada, assim como exercitar o espírito comunitário entre seus iguais. Também são investigadores dedicados a coletar os rastros da ancestralidade mãe das florestas e da humanidade que nos rodeia. Os 29 nove anos foi um caminho percorrido com dedicação, resistência e a simplicidade como tem sido um componente revolucionário capaz de romper barreiras e superar as dificuldades. A Casa Grande – Memorial Homem Cariri revela-se para o mundo como a experiência exitosa da cultura, da ciência, da arte, da educação, da identidade dos povos, da sustentabilidade ambiental, da arqueologia social inclusiva.

A Casa e seus habitantes revelam-se verdadeiros tesouros nesse garimpo e materialização das políticas públicas de defesa, valorização e respeito as crianças, por meio do debate sobre os direitos, a dignidade e o fortalecimento da identidade que tem lugar certo nos tenros anos de vida. A Casa Grande abriga esse tesouro inesgotável de sabedoria e incidência política no território, dantes devastado pelo abandono, prostituição e mortandade infantil. É um oásis fértil de possibilidades, tanto que faz coro a uma justa campanha que envolve o governo do estado, assembleia legislativa e a sociedade civil que defendem a Chapada do Araripe como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Esse é o laboratório vivo que se constrói com importantes parcerias visando o desenvolvimento pleno e a inclusão social das populações mais marginalizadas. Por tanto se você vai conhecer o chão sagrado do Cariri prepare-se para intensas emoções. É uma viagem que lhe proporcionará o cheiro da floresta, o aconchego das casas – rede de pousadas comunitárias – integradas a Casa Grande. É um singelo convite para a ninhes, no oráculo em que os tempos do verbo se perpetuam nas crianças, curumins e guardiãs desse universo que se descortina para nós.

Podemos considerar que essa constelação de seres se movimenta entre os céus e a terra abrindo portas e janelas por onde o canto e o cuidar daquela que é mãe e guerreira incansável continua a nos inspirar. Salve Rosiane Lima Verde, Alemberg Quindis e toda a equipe da Fundação. Gratidão!

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