• 18 de maio, 2024 08:22

Eduardo Girão: um capacho da trapaça. Por Marcos Leonel

ByTarso Araújo

out 29, 2021

POR MARCOS LEONEL/COLUNA FALA LEONEL

PUBLICADA NO JORNAL LEIA SEMPRE

O relatório do voto em separado do senador Eduardo Girão contra o relatório final da CPI do Genocídio é a prova cabal da imbecilização do discurso de quem discursa para imbecilizados. Em postura, o senador cearense espera o ressuscitamento político de Bolsonaro ao terceiro dia, da mesma forma que as ovelhas do pastor Huber Rodrigues ainda esperam pelo seu ressuscitamento, em Goiatuba, que aconteceria ao terceiro dia do seu falecimento, segundo profecia feita pelo próprio pastor neopentecostal, vítima das complicações da Covid-19.

Reside em 77 páginas de bazófia pura, uma tentativa impura de negligenciar as razões e as dores da mortandade causada pela pandemia, uma tentativa reles de representar a trapaça sem que as gravíssimas implicações criminosas sejam explicitadas, ou seja, o senador cearense chafurda na proficiência do apequenamento e da nulidade ostensiva, ao tentar transformar o cidadão e a cidadã em plateia ávida por escassez de moral e de dignidade. O relatório que justifica o voto contrário de Girão ao trabalho investigativo da CPI do Genocídio só consegue justificar o quanto a política brasileira consegue produzir iniquidades e desqualificações.

Eduardo Girão foi eleito empunhando as bandeiras bolsonarista e vai morrer politicamente enrolado nelas, sem nenhuma espécie de possibilidade de ressuscitar, nem mesmo através do estelionato político da teocracia, uma vez que o seu messias já exala o mau cheiro dos cadáveres ambulantes. Quanto mais o relatório abusa do maucaratismo destilado pelo gabinete do ódio como argumento, mais ele mostra o que tenta esconder, seja pela criteriosa desqualificação do conteúdo ou seja pela suprema ignorância de como funcionam os regimentos, atribuições e fazeres políticos constituídos. Duvidar da CPI do Genocídio pelo fato da comissão não ter investigado estados e municípios não é falácia pueril antes de ser um erro grosseiro das limitações funcionais.

Justificar o estado de calamidade social, sanitária e econômica que afundam o Brasil na lama, na fome e na miséria ao procedimento de estados e municípios em seguirem orientações científicas da Organização Mundial da Saúde para adotar o uso de máscaras, o distanciamento social e a supressão das aglomerações é o mesmo que defender que a terra é plana e que é preferível que morram todos, pois uma vez a economia sendo preservada, é certeza que o mandatário teria o poder de ressuscitar todas as vítimas ao terceiro dia, sem que fosse preciso dar um calote monumental em precatórios de dez anos atrás, sem que fosse preciso furar o teto de gastos, tilintando votos e moedas feito Judas Iscariotes. Pior ainda é que entre todos não existe nenhum bom ladrão.

Defender o direito sagrado da autonomia médica para prescrever medicamentos sem eficácia nenhuma é muito mais do que um trambique, é muito superior a qualquer malandragem miliciana, é outro patamar da sordidez humana. A situação fica muito mais degradante ainda depois da vasta documentação comprobatória de um esquema de experiência macabra de legitimação do Kit Covid encomendado pelo governo Bolsonaro e praticado pela Prevent Senior, um crime bárbaro, sendo essa a única ressuscitação bolsonarista: a convivência nazista. Defender um escroque que espalha a notícia falsa de que vacina causa AIDS é tão sujo quanto defender a fé em Deus pisando em cima de mais de seiscentos mil mortos, é tão asqueroso quanto simular uma pessoa morrendo por asfixia causada pelo coronavírus. Isso, sim, devemos ressuscitar a todo momento.

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