• 18 de maio, 2024 10:59

O pato velhaco ocupa a cadeira de ministro. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

out 15, 2021

 

POR ÍRIS TAVARES

COLUNA O VERBO FEMININO

PUBLICADA NO JORNAL LEIA SEMPRE

Muitos não esqueceram da figura do pato sovina e avarento, cujo hobby maldito era mergulhar nos seus milhares de dólares parte de sua toalete nojenta. Quantos de nós leram os quadrinhos ideológicos de Walter Disney? Tio Patinhas foi o personagem extraído do mundo animal doméstico para propagar a concentração de riquezas, a fixação no dinheiro. Um pato velho e ranzinza incapaz de ajudar os seus sobrinhos – patinhos pobres oriundos da granja familiar – que sempre desprezou a mão de obra e a força de trabalho do operariado. Que pato foleiro! O traço de rabujes desse personagem marcou profundamente o senso crítico dos leitores mirins e adultos com mania de gibi. A questão é que nos últimos tempos o pato passou a desfilar pelas avenidas do Brasil, além de ocupar o trono da economia brasileira, mesmo assim foi construir sua piscina no paraíso fiscal e se liberou de pagar impostos. Um patinho mais que feio, um corruptor austero, avaro e apegado a fortuna. É um infeliz discípulo do Tio Sam.

Em O Horror Econômico, Viviane Forrester faz o balanço da atual crise global do trabalho, nos faz refletir sobre uma das facetas do capitalismo pós-industrial referente a nova estrutura de produção, presente tanto nos países centrais quanto nos periféricos, que não será capaz de prover emprego para a população ativa. Essa realidade econômica é caótica e guarda consigo um drama moral que serve para questionar o próprio projeto civilizatório da modernidade. O homem moderno arrasta consigo o vazio existencial advindo do tensionamento social, com a falência de nossas instituições e a omissão concreta de um espaço que nos serviria efetivamente na construção coletiva. É necessário que se combata a civilização da culpa e da vergonha, pois ela inverte a lógica e faz dos excluídos desempregados, os inadequados e responsáveis pela sua própria situação frente ao silêncio pacifico da sociedade. Os efeitos coletais são de toda ordem.

O pato inflou no seu discurso e ganhou uma dimensão monstruosa e desumana, tanto quanto desprovida de qualquer sentimento, respeito, solidariedade, princípios e valores humanos. Uma verdadeira farra de negação da vida. De forma imperial essa figura patológica dispara sua fala bélica e sanguinária em ressinto restrito do poder, porém ladeado de vultos e personagens públicas que estão no comando central das decisões. Guedes dispara: “ …deixa cada um se “f_d_r” do jeito que quiser e é nessa confusão toda que todo mundo tá achando que tão distraído … abraçaram a gente, enrolaram a gente … nós já botamos a granada no bolso do inimigo … dois anos sem aumento de salário …” Quem mandou votar em governo que trata trabalhadores/as como inimigos? É um fiel retrato dessa elite política que guarda milhões em seus cofres blindados e oferece uma granada a moda da casa para estourar no bolso da classe operária. Alguém duvida?

 

Que maldição de economia é essa que se restringe em satisfazer os desejos da cobiça e ambição de um grupo seleto de gentis, em detrimento do genocídio, da fome e da miséria que bate à porta de 27,2 milhões de pessoas. A economia do fracasso e da morte. Podemos refletir sobre a omissão do governo que cruzou os braços e não priorizou a imunização contra COVID-19 no momento adequado, mas que se prontificou em desempenhar o papel de menino propaganda contra as medidas de higienização, sanitárias, profiláticas, um propagador da morte e contra a vacina. O capitão declarou: “eu sou especialista em matar”. Foram 601 mil pessoas que tiveram suas vidas ceifadas. O que esse número representa para essa economia levada a cabo por esses crápulas? Certamente milhões foram revertidos em ganhos, corrupção, suborno, em limpeza racial e étnica dos pobres e excluídos que foram duramente atingidos pelo vírus. O pesadelo continua. E para você o que essas mortes representam?

O ministro com título de mestre pela Universidade de Chicago continua mais perdido do que nunca. Consegue ser pior que os estratagemas do liberalismo clássico e o neoliberalismo. É a pá de cal nos empurrando para baixo. Sem recursos para pesquisa e cortes crescentes na educação, a crise aprofunda a migração de mestres e doutores. É uma geração inteira de jovens que se propõem a deixar o Brasil sob um apagão científico que exigiria décadas para ser revertido.  E os cães continuam a ladrar.

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