• 18 de maio, 2024 12:21

Escolheram o dinheiro ao invés da vida. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

out 8, 2021

ESCOLHERAM O DINHEIRO AO INVÉS DA VIDA

POR ÍRIS TAVARES/COLUNA O VERBO FEMININO

A supremacia dos humanos lhes conferiu a condição de dominar o planeta Terra. Essa é uma proeza que está presente num rasgo lampejo de tempo, comparado aos 4,5 bilhões de anos da existência desse corpo celeste que se tornou a pista de dança do universo no cósmico e terreno balé da vida. Os animais que triunfaram nesse domínio são os mais evoluídos e também os mais destrutivos de todo o ecossistema. Foi com a descoberta do fogo que o espectro do poder acendeu. Criaturas imaginativas criaram deuses, um conjunto de instituições no campo político e administrativo para organizar o espaço ocupado por um povo ou nação, também criaram os direitos humanos. A agricultura despertou os famintos e insaciáveis das riquezas naturais. A invenção da ciência foi uma “mão na roda”, um motor de arranque que levaria a sociedade coletora aos confins do mundo movido pela mercadoria e o valor das coisas. Nos últimos 10 mil anos todos os esforços que lhes garantiria mais frutas, grãos e carne materializados na Revolução Agrícola, não bastariam.  O que buscam esses animais insignificantes?

Depois de forjarem importantes revoluções como a Cognitiva cerca de 70 mil anos atrás, a Agrícola há aproximadamente 12 mil anos atrás, e a Cientifica, que teve início há apenas quinhentos anos. Esses eventos afetaram profundamente os seres humanos e os demais organismos vivos na face da Terra. Considerando toda a trajetória da humanidade, dos primórdios a contemporaneidade nos perguntamos diante de tanto poder criado, por que os seres humanos continuam perdidos? Estranhos no próprio ninho.

As ideias de Zygmunt Bauman, filosofo e sociólogo polonês nos incentivam a refletir sobre a sociedade de consumidores: a transformação das pessoas em mercadoria. É sobre o medo, a vida e o tempo, ética e valores humanos, as relações afetivas, a globalização e o papel da política. “A única certeza é a incerteza”, segundo ele, os vínculos de sociabilidade humana passam por uma profunda transformação. Isso nos remete a pensar sobre a fluidez do tempo e o fim da perspectiva do planejamento a longo prazo. Em que medida as relações humanas manam desse esvaziamento de sentido e de humanidade?

A crise da democracia e o colapso da confiança na política, é fruto de um sistema democrático incapaz de cumprir suas promessas, enquanto parte considerável da sociedade e do eleitorado vai beber na retórica populista e autoritária que ganha cada vez mais espaço como desfecho para preencher esses vazios.

As redes sociais deram uma maior ênfase a essa sociedade tatuada pelo conflito entre o ser versus ter. São perfis de usuários que se relacionam na larga esteira de “produtos” que são oferecidos para apreciação de tantos outros. No mercado virtual não tem dia nem hora para cerrar as lojas e vitrines. Pessoas vendem e também são vendidas e rendidas. Não é à toa que monstros, deuses e mitos são retocados a cada segundo nessa roleta virtual. É um ambiente acolhedor e propicio para quem continua perdido, confuso e se alimentando do conflito entre ser gente ou coisa, entre outras alternativas que esse mundo oferece e cujo fim parece estar em ebulição para dar vez a história de algo inédito. Uma sociedade que não consuma a si própria, que não devore o planeta.

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