• 18 de maio, 2024 11:37

O pandemônio político, a pandemia, caristia e fome. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

out 1, 2021

COLUNA O VERBO FEMININO

POR ÍRIS TAVARES

A farsa que levou a cabo o golpe da ex-presidente Dilma Rousseff (2016), contou com o apoio e o giro na mídia do programa raso que unificou a base dos partidos de centro, da direita e ultraconservadores. Publicado em outubro de 2015, intitulado Uma ponte para o futuro, apresentava um conteúdo bastante limitado e mais identificado com uma resenha, ao invés de uma análise melhor elaborada com método cientifico apropriado aos temas centrais abordados. São análise de conjuntura, a questão fiscal, o retorno de um orçamento verdadeiro, previdência e demografia, juros e dívida pública e na sequencia uma agenda para o desenvolvimento.

Em linhas gerais foi um programa montado e alinhado para fortalecer o pacto do empresariado nacional com o capital internacional e demais adesistas. Uma demonstração clara das forças políticas dispostas a fortalecer laços com setores mais conservadores adeptos da economia de mercado e as privatizações com fito de avançar no estado mínimo, conforme preconiza o ideário neoliberal. Desse modo a crescente ruptura das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável, direitos humanos e sociais, a educação e meio ambiente  sofreram forte esvaziamento, vez que o governo tampão de Temer priorizou o desmonte interno dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas de alcance social e ambiental, da mesma forma que restringiu e retirou do orçamento da união custeios e investimentos, cuja finalidade seria a manutenção e implantação dos programas e projetos de combate à fome e inclusão social. O orçamento voltou a ser uma rubrica das elites.

O que faz um governo golpista na sua cegueira de poder? Arriscamos dizer que ao torna-se cúmplice preparou o ninho do governo negacionista, que sabotou a democracia e assistiu de camarote o espetáculo do genocida, o comendador da morte, o chefe de Estado prevaricador de suas funções públicas que pagou para ver mais de meio milhão de pessoas virem a óbito por contaminação da COVID 19. A negligência, o descaso, o desrespeito a vida, culminando com a inoperância do ministério da saúde, que virou manchete internacional e, hoje, figura como um dos maiores escândalos de corrupção do alto e baixo clero do governo em exercício. No submundo da política a pandemia serviu como uma moeda de troca e vidas humanas foram negociadas em detrimento de acordos envolvendo milhares de reais nas contas de quadrilheiros. A crise sanitária trouxe à tona o maior colapso da política brasileira dos últimos anos.

Convivemos com uma inflação galopante que se materializa fortemente nas tarifas dos serviços essenciais como água e energia, o desemprego em alta, a carestia dos produtos e gêneros alimentícios de primeira necessidade, enquanto dezenove milhões de brasileiros estão passando fome.

É nesse pesadelo que acordamos todos os dias desde que essa “ponte para o futuro” insiste em nos arrasta para o obscurantismo. O patriarca do caos desfila com sua empáfia, congestiona e faz adoecer as pessoas vulneráveis a corrente do ódio. Nem mesmo a diplomacia da ONU foi capaz de barrar Bolsonaro e o seu discurso mentiroso que serve para alimentar as fakenews. Foi #EleNão, o antidemocrata, o contra cidadania, o misógino, o racista, o fascista, o adorador declarado do nazismo e do torturador coronel Alberto Ustra Brilhante que se pronunciou na abertura da 76ª sessão da Assembleia que aconteceu, recentemente, em Nova York.

Na manchete internacional está exposto ao mundo o plano nefasto de destruição do inominável, com suas cobaias a tiracolo favorecendo o ambiente da proliferação, que ao se contaminarem podem infectar os gentis daquela seleta audiência. E alguém pode pensar que tudo isso faz parte de um rigoroso protocolo e de uma rica tradição no uso rigoroso da tribuna das Nações Unidas. Será? Enquanto isso o Brasil volta a figurar no mapa da fome e os seus filhos/as padecem não somente da fome pela ausência do alimento, mas pelo ataque a dignidade e a condição humana e aos direitos de cada pessoa.

 

 

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