• 18 de maio, 2024 08:05

Paulo Freire vive! Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

set 17, 2021

Imagem: Mural no Instituto Paulo Freire / Foto: Reprodução

COLUNA O VERBO FEMININO/POR IRIS TAVARES

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A Escola de Políticas Públicas e Cidadania Ativa do Cariri – EPUCA, celebra sua 7ª Edição da Semana Freiriana do Cariri com uma programação de 12 a 19 de setembro do ano em curso. São roda de conversa, encontro de saberes e fazeres, musical e lançamento de livro. É a soma de um rico conteúdo versando sobre educação, cultura, artes, direitos humanos, agroecologia, cultura comunitária, saúde, entre outros, que abrilhantam a comemoração do centenário do mestre Paulo Freire, o andarilho da utopia, o educador popular progressista como também ficou conhecido no início dos anos de 1960, quando a convite do ministro de educação do governo de João Goulart foi coordenar o Programa Nacional de Alfabetização com previsão para alfabetizar 5 milhões de pessoas adultas. A experiência de Angicos (RN), consistia em afirmar que todo ato educativo é um ato político, que a educação contém a potencialidade da transformação da sociedade por intermédio de uma consciência crítica da realidade, tarefa que tanto o educador como educando devem assumir no ato educativo. Paulo Freire foi militante no Movimento Cultural Popular (MCP) criado em Recife. Sua firme atuação no importante papel de coordenar os projetos de Círculos de Cultura e Centros de Cultura, numa rede de articulação com estudiosos e intelectuais, incluindo o Movimento de Educação de Base (MEB), inaugurava no Brasil uma nova alforria ensaiada na leitura da palavra mundo, no convite a consciência aberta democrática.

Em 1964, a aliança entre o empresariado nacional e o capital internacional, com a adesão dos militares e de outros segmentos médios da sociedade, motivados pela campanha anticomunista, depuseram o governo de Jango e com ele expurgaram a experiência de educação popular e libertadora que se iniciara nas comunidades pobres do território potiguar. Ao invés de círculo de cultura, a ditadura militar e do capital implantaram o regime mais longo e ameaçador de opressão e censura, cujos resquícios continuam, até hoje, impregnados nas práticas dos tiranos de plantão. A jovem democracia brasileira vive à sombra de episódio como aquele que aterrorizou os educandos de Paulo Freire em Angicos que tiveram seus livros e cadernos confiscados para alimentar uma fogueira exibida em praça pública, além da advertência de encarcerar qualquer pessoa que tivesse escondendo os materiais de estudo. Querem fazer companhia ao professor na cadeia?

Foram 16 anos de exílio na Bolívia, no Chile em Genebra. Foi capaz de revisitar a sua experiência de educação popular colaborando com o governo do Chile na implantação da promoção humana junto ao campesino, especialmente na alfabetização e pós-alfabetização, que muito contribuiu para a política de reforma agraria naquele país. Em Genebra trabalhou no Conselho Mundial das Igrejas, como diretor de departamento de educação e fundou o Instituto de Ação Cultural – IDAC. O referido instituto possibilitou a cooperação com vários projetos na África, Tanzânia, Cabo Verde e Guiné Bissau. Paulo manteve-se firme a epistemologia do Sul e a matriz freiriana, que atravessou continentes e dialogou com outras culturas, num processo de crítica e autocritica, sempre se reinventando, porque a premissa básica de toda sua obra não é sobre o fim, mas sobre recomeçar é sobre o projeto humano sempre em construção. É sobre a liberdade e a emancipação, assim como o pensamento crítico aos múltiplos colonialismos.

A rede do Conselho de Educação de adultos da América Latina – CEAAL, nos anos de 1980, elegeu Paulo Freire seu primeiro presidente. São duzentas ONGs afiliadas em 21 países do continente. É por excelência o repositório das proposições freirianas no âmbito da educação popular. Pedagogia do Compromisso – América Latina e Educação Popular é um convite que permanece a desafiar os rebeldes que se diferenciam por se assumir numa concepção democrática. Pessoas como Maria Eneide de Araújo aos seis anos foi educanda de Paulo Freire e desde então se autorizou ser professora, estudava na mesma sala do pai e da mãe e em casa ajudava o pai com as lições. Esse é o Brasil que sequestraram de nós.

 

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