• 4 de maio, 2024 13:45

Sindicalista histórico diz que falta coragem política à esquerda para cercar Bolsonaro, como se fez com FHC

ByTarso Araújo

set 6, 2021

Da Redação/No site Viomundo

O avô de Antonio Carlos Spis, austríaco, fugiu de Hitler pelo norte da Itália e veio parar no Brasil.

O que poderia parecer um detalhe biográfico demonstra a argúcia política do neto: ele coordenou a histórica greve dos petroleiros de 1995, contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso, que atrasou em décadas a privatização da Petrobras.

A tentativa de desmanchar o legado de Getúlio Vargas é antigo. Vargas foi bombardeado pela elite brasileira ao ousar dizer que havia petróleo no Brasil.

Assim como mais recentemente colunistas de O Globo disseram que não era economicamente viável explorar o pré-sal — pela boca de colunistas sabujos do patrão e dos Estados Unidos — nos anos 50 se dizia que não havia petróleo no Brasil.

Porém, a aposta de longo prazo da Petrobras provou-se verdadeira: o Brasil descobriu por conta própria a erxtraordinária jazida do pré-sal, o que acabou revelando-se maldição — pela falta de espinha dorsal dos militares brasileiros, que se mostraram sabujos de Washington.

Em vez de defender Dilma Rousseff, os fardados se juntaram aos espiões da NSA, que escutaram os telefones da presidenta brasileira — e espionaram a Petrobras.

Jamais aceitaram a investigação promovida por Dilma dos crimes que cometeram ao instalar e manter ilegalmente a ditadura de 1964, contra o governo constitucional de João Goulart.

Promotores e cúmplices da tortura, dos desaparecimentos, das cassações, da censura e do arrocho salarial, os militares brasileiros provaram ter um compromisso de subordinação a Washington que foi muito além do fim da Guerra Fria — hoje, eles são a espinha dorsal de um governo antinacional e espoliador dos brasileiros mais pobres, mantendo viva a ideia de Forças Armadas que agem como capitães do mato.

Obviamente, isso não vem de graça: os fardados, mesmo com o fim da ditadura, além de evitar qualquer tipo de punição significativa pelos múltiplos crimes que cometeram, foram privilegiados com aumentos salariais e todo tipo de prebendas, inclusive a pensão para suas filhas “solteiras”.

Apesar disso, Spis não esconde seu estranhamento com o suposto “sumiço” da ala nacionalista dos militares, que teria sido estimulada pelo ex-ditador Ernesto Geisel.

Talvez ela nunca tenha de fato existido, uma vez que a ditadura de 64-85 promoveu uma verdadeira caça aos militares tidos como “de esquerda” — centenas foram cassados e afastados das Forças Armadas.

Restaram os de extrema-direita, como os ligados ao ex-general Silvio Frota, hoje alçados ao poder.

O sindicalista Spis diz que o desmonte da Petrobras é um processo contínuo, que vem desde FHC, mas passou por Lula e Dilma, na forma da imensa terceirização de cargos empresa que deveriam ter sido preenchidos por concurso.

Agora, porém, está em andamento a canibalização da empresa, uma vez que a descoberta do pré-sal não apenas viabilizou a empresa, mas poderia sustentar o Brasil como potência de longo prazo.

Contra este projeto, o desmonte capitaneado agora pelo general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna mantém a política de preços dolarizada, que beneficia especialmente os acionistas da Petrobras, 50% deles estrangeiros.

Luna e Silva, em vez de defender a autonomia da empresa para praticar preços compatíveis com a economia brasileira, se juntou ao presidente Jair Bolsonaro para criticar a arrecadação de impostos estaduais na venda de combustíveis.

Ou seja, ambos querem cortar a arrecadação de ICMs dos estados para beneficiar acionistas bilionários da Petrobras, prejudicando direta (com o preço da gasolina e do diesel) e indiretamente (via arrecadação) o brasileiro.

Assim sendo, o sindicalista Spis estranha o que define como “falta de coragem” da esquerda brasileira.

Para ele, a estrategia da esquerda deveria repetir o que os petroleiros fizeram com Fernando Henrique Cardoso — antes, sindicalistas já haviam feito o mesmo com José Sarney: um cerco diário, permanente, às aparições públicas do presidente da República.

Spis sustenta que, sob pressão, Bolsonaro faz loucuras que acabam tendo resultado político contrário às suas próprias pretensões de reeleição.

Vale a pena ouvir a entrevista completa, no link: https://www.viomundo.com.br/entrevistas/sindicalista-historico-diz-que-falta-coragem-politica-a-esquerda-para-cercar-bolsonaro-como-se-fez-com-fhc.html

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *