• 20 de maio, 2024 07:37

Agressividade de Bolsonaro contra mulheres faz com que outros se sintam autorizados a agir igual, explica advogada

ByTarso Araújo

jul 18, 2021 #Brasil

A advogada Amanda Claro, da Rede Feminista de Juristas, falou à TV 247 sobre o comportamento agressivo de Jair Bolsonaro contra as mulheres. Desde o início do atual governo, diversas mulheres, principalmente jornalistas, foram alvo de ataques do ocupante do Palácio do Planalto, que chegou até a fazer insinuações sexuais contra uma das vítimas.

“Estamos vivendo, sim, um contexto de permissividade em relação a comportamentos que antes eram considerados inadequados. Não estou fazendo uma apologia ao passado, de que antes era melhor ou antes as pessoas eram educadas. Não é uma questão geracional, é uma questão de contexto e conjuntura”, avalia Amanda.

Para a advogada, Bolsonaro representa um “formato” de “masculinidade” considerado “tóxico” e, desta forma, pelo cargo que ocupa, faz com que outros homens se sintam autorizados a agir da mesma maneira.”A gente já não estava em uma situação muito boa, mas agora está muito mais exacerbado o culto a violência, a voz alta, as armas. Isso acaba influenciando a forma como as outras pessoas se comportam, porque é uma figura de expressão, de legitimidade. Mesmo que muitas pessoas não concordem com ele, é uma figura que, pelo cargo e pelo apoio que tem, está em uma posição de legitimidade. E ele se comportar dessa forma, mesmo no cargo mais alto da República, é uma expressão de legitimidade: [quer dizer que] pode ser homem dessa forma, é legal ser homem dessa forma. E as pessoas se sentem mais autorizadas a replicar esse tipo de comportamento. Muita gente se comporta assim e se sente melhor, e é mais difícil você dizer para ela que ela está errada, porque a gente tem várias figuras parecidas se comportando da mesma forma”.

Caso DJ Ivis

Amanda também comentou o caso do DJ Ivis, gravado agredindo brutalmente a ex-esposa Pamella Holanda, inclusive na frente de um bebê. Ele foi preso em Fortaleza na quarta-feira (14), três dias após a divulgação dos vídeos com as agressões. O agressor alegou que reagiu de maneira agressiva a supostas tentativas de Pamella de se matar. Segundo o DJ, ele não aguentava mais a situação.

De acordo com a advogada, a estratégia de defesa de Ivis é antiga e está pautada na tentativa de transferir a culpa pelo ocorrido para a vítima. “Essa narrativa que é utilizada pelo DJ Ivis não é nova. Ela funciona menos agora porque a gente fica mais de olho e as pessoas reagem mais. Mas a forma de se defender e de se comportar é muito padrão, é clássico. É sempre a mesma coisa, é observar aquela situação e apesar de todas as provas – tem um vídeo dele agredindo a mulher dele do lado de uma criança em que se percebe o desespero daquela mulher em proteger um recém nascido. São provas contundentes, não dá para negar, mas ele é capaz de dizer que houve um motivo para aquela agressão. Então imagina nas situações em que não se tem vídeo. Esse formato de defesa é o que chamamos de narrativa da desqualificação, é uma forma de inverter o jogo e levar para a mulher a justificativa ou a culpa por aquilo estar acontecendo”.

Fonte: No site Brasil 247

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