• 20 de maio, 2024 06:14

Os militares e o caso do estudante Stuart Edgar Angel Jones

ByTarso Araújo

mar 31, 2023

Um dos mais emblemáticos casos de assassinatos pelos militares de pessoas que se colocavam contra ditadura instalada em março de 1964 foi o do estudante Stuart Angel. Ele era filho de Zuzu Angel, uma famosa estilista brasileira. Stuart foi assassinado e seu corpo nunca foi encontrado. Zuzu morreu em 1976 em um misterioso acidente de carro.
No ano de 2019, quase 50 anos após as duas mortes, a Justiça brasileira emitiu as certidões de óbito do estudante Stuart Angel e de sua mãe, a estilista Zuzu Angel, com a informação de que foram mortos pela ditadura militar. Os documentos foram entregues à jornalista e colunista social Hildegard Angel – filha de Zuzu e irmã de Stuart.
As certidões afirmam que ambos foram vítimas de “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada a população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.
As declarações oficiais com as condições da morte de Zuzu e Stuart foram emitidas pela procuradora Eugênia Gonzaga, quando presidia a Comissão Especial. Ela foi afastada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) sob alegação de que “agora o governo é de direita”.

Stuart Angel era remador do Clube de Regatas Flamengo, estudava economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro e militava no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que combatia a ditadura. Ele tinha 25 anos quando, em 14 de junho de 1971, foi preso, torturado e morto no Centro de Informações da Aeronáutica, no Rio. Sua mãe, a estilista Zuleika Angel Jones (Zuzu), passou cinco anos denunciando o sequestro e procurando pelo filho, até também ser morta pela ditadura em 14 de abril de 1976, num acidente de carro na saída do antigo túnel Dois Irmãos, que hoje leva seu nome.

Stuart foi torturado para que entregasse a localização do Carlos Lamarca, o que ele nunca fez. A Aeronáutica jamais reconheceu a morte de Stuart Angel, dado como “desaparecido” até hoje. Seu corpo teria sido transportado num helicóptero militar até a área da Restinga da Marambaia, para ser lançado ao mar.
Fonte: Brasil de Fato e Fundação Perseu Abramo

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