• 20 de maio, 2024 04:14

Camisa Verde e Branco leva para a avenida crítica social forte

ByTarso Araújo

fev 20, 2023

Mais uma vez as escolas de samba de São Paulo apresentam enredos com críticas sociais relevantes. Uma das agremiações que trazem temas das comunidades é a Camisa Verde e Branco. A escola está no grupo de Acesso I, que desfila neste domingo (19). O mote alviverde neste ano será “Invisíveis. Até quando a pobreza irá sustentar a riqueza de homens que assolam o país?” No mesmo dia, Vai Vai, X-9 Paulistana, Nenê de Vila Matilde e Pérola Negra completam a festividade.

Neste Carnaval, na avenida do Sambódromo do Anhembi, estão símbolos da luta em defesa dos mais vulneráveis. Entre eles, destaque para o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo. O pároco há anos dedica a vida para ajudar os mais vulneráveis, enfrentando, por muitas vezes, o Estado, a polícia e os mais poderosos. Além do padre, marcam presença uma comitiva do maior movimento social do continente, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Também estaria a viúva do educador Paulo Freire, Nita Freire.

“Para o MST que é um movimento de luta camponesa, poder estar nessa grande festa da cultura brasileira, é muito especial. Poder fazer parte deste enredo, que traz as lutas sociais, que traz a luta por moradia, a luta por educação, a luta por dignidade. Também trazendo o trabalho magnifico do padre Júlio Lancelotti, trazendo a luta pela terra e pela reforma agrária é extremamente importante”, comenta Ana Chã, do Coletivo Nacional de Cultura do MST.

Camisa Verde e Branco e visibilidade
A Camisa Verde e Branco homenageia outros nomes que lutaram para humanizar o tratamento dos mais vulneráveis. Entre eles, Zilda Arns, Lélia Gonzales, Marielle Franco, Paulo Freire, Darcy Bibeiro e Dom Paulo Evaristo Arns. “Para nossa sorte tivemos brasileiros com o poder e a sensibilidade de enxergar os invisíveis e garantir os direitos básicos do cidadão. Brasileiros que fizeram de suas vidas a dura missão de proteger a vida e os direitos de outros filhos desse chão”, afirma a direção da agremiação.

“Em 2023 a Mocidade Camisa Verde e Branco ergue sua voz e cerra seu punho num grito pelos desvalidos e ignorados do sistema, e honrosamente exalta o olhar daqueles que tiveram a grandeza de enxergar os invisíveis. Um projeto ainda em aberto, que será construído com a voz de seu povo, com debates e conversas durante o processo de construção do carnaval, que para além de um desfile, será um manifesto em prol da escuta de suas vivências e conflitos”, completa.

De acordo com o enredo proposto, a presença do MST era inevitável. Ana lembra que a participação do movimento social no Carnaval não vem de hoje. Ele já participou no final dos anos 90, pela Império Serrano, no Rio de Janeiro; em 2002 pela Neném da Vila Matilde, em São Paulo; e em 2007, pela Gaviões da Fiel, também na capital paulista. “A ideia é trazer para o coração da cidade, a bandeira da reforma agrária, da produção de alimentos saudáveis, da agroecologia, da justiça social e da luta por um mundo melhor, onde não tenhamos uma grande parte da população invisível. Pelo contrário, participativa, atuante e celebrativa.”

Enredos engajados
O Carnaval começou, oficialmente, na sexta-feira (17). Além dos bloquinhos e blocões de rua, os tamborins no Sambódromo do Anhembi deram a largada no mesmo dia. Na sexta e no sábado, desfilaram as 14 escolas do grupo Especial. Entre elas, agremiações que também trazem reflexões importantes. É o caso da Barroca Zona Sul, com o tema “Guaicurus”, que aborda a questão indígena. Já a Rosas de Ouro apresenta o enredo “Kindala. Que o Amanhã não Seja só um Ontem com Novo Nome”. Trata-se de uma ode à diversidade, respeito e igualdade racial. Também com temática afro, a Tom Maior homenageia as mães pretas, bem como orixás e a ancestralidade. A Império de Casa Verde segue pelo caminho da ancestralidade africana com o enredo “Império dos Tambores: Um Brasil Afromusical”.

Publicado no site Rede Brasil Atual

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