Por Tarso Araújo, editor do Leia Sempre
Não que não haja nomes bons na esquerda cearense para a disputa do Governo do Estado do Ceará nas eleições de 2022 em partidos como PT e PC do B, por exemplo.
Há sim bons nomes, mas esses partidos não terão candidatos e o eleitor vai ter que se contentar com um nome ligado a Ciro Gomes, um candidato a presidente que diz que Lula é igual a Bolsonaro.
Vai ser difícil para muita gente da esquerda engolir votar num nome ligado à Ciro Gomes, hoje o maior cabo eleitoral de Bolsonaro na disputa presidencial.
Mas o fato de ter aberto mão de uma candidatura própria/majoritária abre um espaço gigantesco para o crescimento da pré-candidatura de Adelita Monteiro pelo PSOL.
Comunicadora popular, artesã e feminista, com militância profícua nas esquerdas do Ceará há quase duas décadas essa jovem dirigente do PSOL tem propostas para o Ceará, fala com desenvoltura da necessidade de se combater a desiguldade social e investir pesado na educação pública e de qualidade.
Adelita defende ainda uma ampla unidade das esquerdas para derrotar o fascismo, representado por Bolsonaro e no Ceará pelo Capitão Wagner, ambos vendendo discurso popularesco, mas na realidade, com ideias velhas, governos e práticas reacionárias.
A pré-candidatura de Adelita Monteiro, em minha obsevação, está agora na fase do amplo diálogo.
Ela vem discutindo com os movimentos sociais em todo o Ceará, para construir um programa de governo popular, colocar em sua campanha amplos setores da juventude, dos trabalhadores, dos movimentos sociais do campo e da cidade, das comunidades quilombolas, da comunidade LGBTQIA+, do movimento feminista, da periferia, enfim, todos os setores que são atacados pelo atual governo federal e precisam lutar e reagir.
Adelita constrói assim e a meu ver, uma verdadeira frente de esquerda contra o fascismo, e pela inclusão da ampla maioria da população e isso já chama a atenção de vários grupos, setores e militantes de esquerda. Uma frente com a militância, com as pessoas, com a população, com os excluídos.
Adelita está conseguindo surgir como a verdadeira alternativa de esquerda, e, nesse momento, se PT e PC do B não prestarem atenção podem perder fatia expressiva daquele eleitor mais à esquerda que quer uma alternativa à esquerda no Ceará.
Não apenas Lula, mas uma parcela o eleitorado pode se deslocar para quem falar mais ao trabalhador, das suas pautas, da necessidade de resistir ao totalitarismo e construir um Brasil amplamente democrático, um discurso para um eleitor que quer emprego, moradia, oportunidades, educação, saúde, lazer, cultura, comida no prato, etc e tal.
O discurso da pré-candidata do PSOL ao Govenro do Ceará está bem antenado com essa realidade e ela sabe pois vive na pele, é uma trabalhadora, vive todos os problemas que os trabalhadores e as trabalhadoras vivem cotidianamente.
Uma boa parte da militância da esquerda vai querer embarcar em um discurso desse, que quer incluir a ampla maioria da população no orçamento, no governo.
Além disso, Adelita pode oferecer a Lula um palanque popular e de esquerda, pois o PSOL tende a apoiar Lula e o PT no Ceará não terá candidato para fazer um palanque fiel com Lula.
Adelita Monteiro, portanto, é a grande alternativa para a esquerda do Ceará no momento.
Não sei se um candidato cirista seria a saída agora, pelo menos para o eleitorado que quer Lula e mudanças mais amplas no Brasil.