• 19 de maio, 2024 16:11

A rebeldia jovem-guarda de Ciro Gomes Por Marcos Leonel

ByDudu Correia

jan 24, 2022

Rebelde foi Robespierre, que entrou na Revolução Francesa defendendo os oprimidos. Rebelde foi Martin Luther King, que foi assassinado por estar ao lado dos sindicatos, apoiar greves e brigar contra o racismo. Na Serra da Barriga nasceu um exemplo de bravura, de liderança negra: Zumbi foi um rebelde com causa histórica. Lampião não abria nem para o trem, foi rebelde à sua maneira, sem pensar se fora feliz na sua infância. Lamarca foi para a guerrilha, lutou contra a Ditadura Militar, cheio de razão e legitimidade em sua rebeldia. Ciro Gomes foi para Paris, soltar flatulências em outro idioma, justamente quando era o momento de se rebelar contra o nazismo no Brazil. A rebeldia de Ciro Gomes é uma embalagem velha de bombom Juquinha, é um choramingo quase infantil do Trio Ternura. A rebeldia de Ciro Gomes é a tradução livre do termo grosseria.

A candidatura de Ciro Gomes foi lançada ao léu. Sem elegância, sem prestimosidade, apenas com traços de extrema-direita embutida em um pacote repetitivo e desbotado pelo tempo, uma vez que ele não tem mais capital político para ser eleito para nada, nem com as coordenadas de alhures. Bolsonaro, Moro e Doria não precisam lançar suas candidaturas, Ciro já as fez, de forma confundível. Bolsonaro é o rebelde do genocídio cloroquina, Moro é o rebelde da falcatrua jurídica, Doria é o rebelde sapatenis fascista, e Ciro é o rebelde jovem-guarda, uma brasa, mora. Em seu discurso de ocasião Ciro não enganou ninguém e não se deixou enganar, exibiu sua envergadura política de extrema direita coronelística, tão suja quanto oportunista, um típico disco velho de vinil, já teve utilidade um dia, mas hoje sua história é cheia de chiado insolúvel, seu discurso é fanho, é monaural. Não existe marqueteiro vivo que seja capaz de limpar a imagem de arruaceiro de Ciro Gomes. Parece rebeldia, mas é só grosseria.

O mesmo Ciro Gomes que evocou Leonel Brizola em seu discurso engessado pelo inoportuno, evidenciando a defesa do trabalho e o legado de esquerda de um dos maiores políticos brasileiros, é o mesmo Ciro Gomes que, quando secretário da “Saúde” de Cid Gomes, rasgou cartazes de alunos e foi acusado de agredir professor, em Iguatu. É o mesmo Ciro Gomes que foi acusado de agredir aluno no interior da Universidade Regional do Cariri, no Crato. Se houve as agressões ou não, não vem ao caso, mas é evidente a intolerância política de Ciro Gomes a quem busca seus direitos através de greves ou não. O que o torna extremamente distante de Leonel Brizola. Ciro Gomes chegou ao PDT após ter passado por partidos políticos sem nenhuma tradição trabalhista e, sim, partidos da direitona secular, como PDS, PSDB, PMDB, PROS e PPS. Ciro Gomes nunca foi esquerda, nunca foi rebelde, sempre foi conformidade, sempre foi mais do mesmo. Hoje ele tem uma aproximação muito grande com Bolsonaro: anda igual a Bolsonaro, agride igual a Bolsonaro e mente igual a Bolsonaro.

Em seu discurso de candidatura oficializada ele também evocou feitos políticos no Ceará, falou de políticas públicas de excelência na saúde e educação, só que a administração não é dele e nem do seu irmão, é de Camilo Santana, do PT, que não foi mencionado em momento nenhum. Ele também alegou ter a experiência administrativa com a chamada coisa pública, afirmando conhecer o traçado. Mas não disse que parte dessa experiência foi como Ministro da Integração Nacional, entre 2003 e 2006, durante o governo de Lula, do PT, que só foi mencionado negativamente. Mesmo quando evocou ação recente e nefasta da polícia contra a sua pessoa, quando acusações de desvios de verbas públicas foram reativadas, ele disse que recebeu solidariedade de várias pessoas importante, mas não citou nem Lula e nem Dilma, ambos do PT. Isso não é rebeldia, é desonestidade intelectual, é ingratidão, que se arrasta como correntes do imobilismo em seu castelo político cheio de fantasmas. Essas atitudes o aproximam muito daquilo que ele critica em Bolsonaro, em Moro e em Doria, nessa ficção suja a realidade não é mera semelhança.

Depois do seu discurso de rebeldia fajuta Ciro Gomes foi extremamente grosseiro com o jornalista Luís Costa Pinto, do portal 247, quando o jornalista o perguntou, em outras palavras, se ele poderia voltar a Paris em um momento crucial das eleições de 2022. Na ocasião ele não respondeu a pergunta e disse que o 247 não era um órgão de mídia, era um panfleto de Lula, mantido com dinheiro sujo, evidenciando que o “Lulapetismo” nunca mais. Ciro Gomes não citou Camilo Santana em momento nenhum, muito menos evidenciou que existe uma espécie de aliança do PT, no Ceará, através de Camilo, com os Ferreira Gomes. Ele também não deixou claro em seu discurso de não posse, como se sustentará essa aliança no Ceará, uma vez que ele não para de atacar Lula e o PT. Vale ressaltar que a militância do PT no Ceará não foi citada nenhuma vez por Ciro. Deve ser pelo fato de que a rebeldia de Ciro Gomes, com suas botinhas sem meia, só use espelho para se pentear.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *