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O impacto do Covid-19 nas romarias de Juazeiro do Norte. Por Íris Tavares

ByTarso Araújo

nov 26, 2021

Foto: Edson Freitas

POR ÍRIS TAVARES / COLUNA O VERBO FEMININO

Passaram-se 18 meses desde a constatação oficial da pandemia da COVID-19 em terras alencarinas. O isolamento como uma medida inibidora da contaminação foi fundamental para o controle necessário no combate a infecção e, consequentemente, aos óbitos provenientes da exposição ao vírus. Mesmo considerando 949.128 casos no Ceará, ao avaliarmos o desdobramento nos distintos territórios que compõem a Micro-Região do Cariri, onde o maior foco populacional se concentra no CRAJUBAR, especialmente, Juazeiro do Norte cuja população flutuante denota-se nos períodos de romarias, recebe mais de 770 mil pessoas. É sabido que a pujança econômica da referida urbe tem seu potencial produtivo forjado no consumo religioso e cultural. O desenvolvimento do turismo religioso tem influência participativa na economia da cidade, por tanto os benefícios, desde a criação de empregos diretos e indiretos, o aumento de renda na economia local advém do efeito multiplicador das romarias com os estímulos internos desde os serviços a atividade industrial correspondente as demandas potenciais da cidade do milagre.  

A Secretaria de Turismo e Romaria (SETUR) de Juazeiro do Norte, segundo recente publicação no Diário do Nordeste, afirma ter realizado um estudo sobre a per capita dos romeiros do Padre Cícero, que varia de R$ 754 a R$ 2500. Esses custos revelam a participação do romeiro na economia local, repartido entre hospedagem, alimentação, ofertas para igreja e outros. Todavia o ano de 2020 entrou para história como o devorador das romarias.

De portas fechadas acompanhamos uma tragédia entre as vidas que foram ceifadas pelo vírus, junto a insensibilidade reinante dos gestores e plantonistas da morte que apostaram na peste dominando nossos territórios. A pergunta que permanece entre nós é sobre a leitura e quais boas práticas estão sendo pensadas? Qual o impacto de tudo isso nas políticas públicas? O rastro da catástrofe social, econômica e política permanece entre nós em meio aos milhares de desempregados, pedintes, famintos e adoecidos no pós pandemia.

Observamos que ainda no ano 1 da pandemia na milagrosa Juazeiro foi implantado um Centro de Acolhimento para atender moradores de rua, para garantir acolhimento e tratamento adequado em casos diagnosticados com COVID-19, mas logo foi desativado pela atual gestão. A instalação do Hospital de Campanha também teve sua vida abreviada e a Unidade Sentinela foi a única que resistiu até o presente momento.

Existe uma grande ausência no que se refere as ações de apoio ao setor responsável pelo dinamismo da economia local, importante ressaltar que o setor que vive na informalidade tem um papel fundamental no fluxo econômico, na geração de renda e projeta um ambiente de possibilidades numa relação mais justa e solidária. São os feirantes, camelôs, artesãos, santeiros e oficineiros de fundo de quintal, entre outros. Pararam suas atividades por mais de 12 meses e a maioria não conseguiu acessar o programa federal, afinal, diga-se de passagem que o tal apoio federal terminou destinando apoio financeiro para setores que não se configuram no perfil de vulnerabilidade social, nem muito menos está em situação de urgência e emergência como outros. Por que será? Descontrole e desorganização na base de dados, no cadastro, no sistema e nos bancos. O fato é que faltou para quem mais precisava. Nos perguntamos por que o poder público de Juazeiro do meu Padim, tem estado indiferente? Até então não foi apresentado um plano de revitalização e solidário para esse setor que tanto tem contribuído para identidade cultural, do turismo religioso na economia local. Pensamos que o clamor da fome e do desespero que tomou conta das pessoas pelas incertezas do sofrimento e da morte não foi capaz de sensibilizar os gestores de plantão.

 

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