A jornalista Cynara Menezes, em entrevista à TV 247, criticou os abusos cometidos pela Operação Lava Jato e defendeu punições severas aos corruptos e, especialmente, a Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Os crimes da própria Lava Jato, afirmou à jornalista, são ainda mais graves, já que constituem “crimes contra a nação”.
Segundo Cynara, o espírito punitivista da Lava Jato levou a prisões midiáticas, como a do ex-governador Sérgio Cabral, quando ele já estava sob os cuidados do Estado. Ela atribuiu o espetáculo da prisão de Cabral ao fato de que ele não delatou o ex-presidente Lula, principal alvo da Lava Jato.
“Se o Sérgio Cabral tivesse feito algum tipo de delação envolvesse o Lula, ele não estaria nessa situação”, afirmou a jornalista. “Se o Sérgio Cabral tivesse delatado o Lula, não teriam colocado correntes nos braços e pés dele e ele não estaria condenado a 342 anos de prisão”.
Menezes defendeu punições severas a corruptos, que vão além de prisões e pequenas multas. “A minha posição sobre corrupção é que o corrupto fique pobre e que passe a se sustentar com seu próprio dinheiro. Ou seja, preste serviços à sociedade. Não sou a favor de prisão. Não sacia a minha sede de justiça ver um corrupto preso, mas sim ver um corrupto pobre, tendo que trabalhar para ganhar a vida — o que não acontece. Todos os delatores da Lava Jato saíram ricos da prisão ou mais ricos do que entraram. Que tipo de punição é essa? Você quer que uma pessoa que roubou o povo continue rica? É uma desvirtuação da noção de justiça”, disse. “Tinham que ser multados. Um corrupto deve sofrer uma multa pecuniária altíssima”.
Moro e Dallagnol
A jornalista citou as recentes decisões judiciais favoráveis a Lula, que obteve 19 vitórias na Justiça contra a Lava Jato. A última vitória judicial de Lula aconteceu nesta semana, após a juíza federal Maria Carolina Ayoub, da 9ª Vara Federal de São Paulo, arquivar o processo aberto contra o petista pela suspeita de tráfico de influência internacional e corrupção para beneficiar a construtora OAS. A decisão veio justamente 5 anos após o famoso powerpoint de Deltan Dallagnol, em que o antigo coordenador da extinta força-tarefa da operação apontava Lula como a cabeça por trás de todos os esquemas de corrupção investigados.