• 18 de maio, 2024 03:11

As alegorias do nazismo estrutural na política brasileira. Por Marcos Leonel

ByTarso Araújo

jul 30, 2021

O NAZISMO EXISTENTE NA POLÍTICA BRASILEIRA

A matéria princial da ediçaõ desta sexta-feira, 30, do jornal Leia Sempre é assinada pelo professor e colunista do jornal Leia Sempre Marcos Leonel e reflete sobre o nazismo tão presente na política brasileira e sendo hoje abraçado por Bolsoanro e seus seguidores.

O nazismo existe entre nós brasileiros e é uma realidade. Nas últimas semanas ficou ainda mais clara a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em dar sinais de que tem certas ligações sempre muito perigosas com figuras declaradamente neonazistas ou de extrema-direita. Mais ainda, o governo de Bolsonaro alguns de seus integrantes já deram sinais de uma forma ou outra que tem sim uma tendência a apoiar ideias claramente ligadas ao espectro político nazista. Se cuida, Brasil.

As alegorias do nazismo estrutural na política brasileira

 

A América do Sul foi o paraíso para muitos nazistas que atuaram diretamente no holocausto e em crimes de guerra contra a humanidade. Brasil, Argentina e Chile foram e são destinos seguros para essa estirpe. Adolf Eichmann e Josef Mengele viveram livremente na Argentina e no Brasil, Eichmann foi o idealizador e principal executor do método de extermínio de judeus. Mengele fez experiências genéticas das mais desumanas possíveis com crianças e adultos, vítimas do holocausto.

O fim da Segunda Guerra Mundial não terminou para o Brasil. O nazismo aqui não é zumbi, mas é insepulto, e está vivo e atuante. Hoje o Brasil tem cerca de 350 células nazistas, que são organizações planejadas e instituídas, com protocolos de existência e atuação, contendo contingentes que variam entre quatro componentes a mais de cem integrantes. A Safernet, organização não governamental (ONG) que vigia sites radicais, encontrou, em maio de 2020, 204 novas páginas de conteúdo neonazistas, contra 42 em 2019 e 28 em 2018. Hoje elas já somam mais 440.

Bolsonaro deu voz e espaço para o desenvolvimento desse sentimento exterminador da democracia e disseminador do racismo e do preconceito estrutural. A fundamentação narrativa de um inimigo interno que tem que ser combatido com violência desmedida, em nome de Deus, da família, da propriedade e da pátria é, na realidade uma junção identitária, são manifestações de um mesmo instinto de superioridade ditatorial, em que o povo é a base do massacre.

Não há alento mais inferior da alma humana do que a resistência do nazismo. Só mesmo o aparelhamento oficial e legal do nazismo na vida política brasileira pode ser tão nefasto, tão involutivo, e tão revelador da sordidez dos párias da humanidade. A visita da nazista alemã, neta de nazista, Beatrix von Storch a Bolsonaro não é uma ação fortuita do acaso, é a estipulação oficial de um endereço, de um mapa genético do maucaratismo supremacista. O endereço da iniquidade humana é o bolsonarismo, agora assumidamente nazista.

A antropóloga e pesquisadora do nazismo, Adriana Dias, descobriu ligações diretas de Bolsonaro com células nazistas brasileiras. Três sites diferentes de neonazistas trazem um banner com a foto de Bolsonaro – com link que leva diretamente ao site que o político tinha na época – e uma carta em que o parlamentar afirmava: “Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam, votos ostensivos aos familiares”, diz a cientista para uma matéria de Leandro Demori do The Intercept Brasil.

O melhor vinha depois, afirma a estudiosa do nazismo: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato. ” O que a população brasileira está testemunhando hoje, através das atitudes e das políticas de extermínio do governo Bolsonaro, não é obra do acaso. São passos pensados, são desejos cultivados, são objetivos compartilhados com boa parte da sociedade brasileira, que não hesita em esticar o braço e revelar a sujeira grudada geneticamente no sovaco.

Texto de Marcos Leonel

Colunista do Jornal Leia Sempre

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