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Maria Carolina de Jesus: o diário nosso de cada dia. Por Luciana Bessa

ByTarso Araújo

jul 9, 2021

 

Na minha adolescência, gostava muito de escrever no meu diário. Além de ser um momento de reflexão comigo mesma, foi o modo que encontrei para passar o tempo ocioso de que dispunha. E também desejava, no futuro, olhar para o passado e dizer: valeu a pena!

Cresci (em idade e não em tamanho) e continuo tentando me descobrir por meio da escrita. Assim como eu, outras mulheres já haviam tido essa ideia. Além de escrever, passei a ler diários. Primeiro foi o de Anne Frank, depois vieram os de Virgínia Woolf, os de Anais Nin, os de Lord Byron e, por último, Maria Carolina de Jesus, mulher negra, pobre, favelada e mãe solteira – “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”.

Nas páginas de seu diário, Carolina mais do que relatar suas dores, denuncia a violência, a fome e a miséria de outras pessoas que, como ela, viveram e ainda vivem em situação de vulnerabilidade social. Seu texto traz uma linguagem simples e enxuta caraterizada pela oralidade; além de discutir uma temática tão presente no século XXI – a miséria humana.

Por que ler Carolina de Jesus? Para deixar de lado alguns livros canônicos; para oportunizar a si próprio com uma leitura fluida e instigante; para escutar a uma voz forte, potente, sensível e lúcida; para se questionar por que as mazelas do passado permanecem no presente e tendem, infelizmente, a continuarem no futuro; para conhecer a trajetória de uma mulher aguerrida, moradora de uma favela, que catou lixo e passou fome, mas, que por meio da leitura e da escrita imaginou uma outra vida para si.

Carolina acreditava que “quem escreve gosta de coisas bonitas” e por meio da leitura e da escrita ela as vivenciou.

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Luciana Bessa

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a ler

e Coordenadora da Roda de Poesia no Gesso do Coletivo Camaradas

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