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Alece aprova projeto que sugere a criação do Memorial Padre Ibiapina em Barbalha

ByTarso Araújo

jun 7, 2024

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) aprovou, nesta quinta-feira, 6, o projeto de indicação 696/2023, que autoriza o governo estadual a criar o Memorial Padre Ibiapina, em Barbalha.

A iniciativa, de autoria do deputado estadual Renato Roseno (Psol), busca a instalação de um equipamento público cultural e educativo destinado à memória, valorização e compreensão da identidade das populações do Cariri.

É importante ressaltar que o projeto de indicação funciona como uma sugestão ou solicitação ao governador do Estado, que pode acolher ou não a proposta do legislativo. Atualmente, aos deputados estaduais do Ceará não competem a criação de leis que acarretem aumento de despesa para os órgãos do Executivo.

Por isso, o projeto de indicação foi enviado para que o poder público estadual possa, a partir a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), analisar a viabilidade do pedido e promover as medidas administrativas e operacionais necessárias. Neste caso, a sugestão é que o equipamento seja feito na antiga Cadeia Pública de Barbalha, localizada no Conjunto Nassau, às margens da CE-060, a poucos metros de onde será instalada a sede do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo da Universidade Regional do Cariri (URCA).

Importância

A iniciativa do deputado Renato Roseno tem como objetivos: promover a educação e a memória a respeito da figura Padre José Maria Ibiapina e da relevância de seu trabalho social; evidenciar os eventos históricos e os movimentos sociais e políticos que atuavam nacional e localmente no século XIX, com foco nos desdobramentos na região do Cariri.

Além disso, busca destacar as particularidades da religiosidade popular na formação da identidade cultural da região do Cariri, trazendo conexões com a contemporaneidade; sensibilizar a população cearense sobre os conflitos históricos e contemporâneos acerca do acesso desigual à água e das lutas populares contra o latifúndio; e formar e engajar a sociedade civil na preservação da história e cultura do sertão cearense.

“O Padre Ibiapina realizou diversas benfeitorias na região do Cariri, como a construção das casas de caridade, de açudes e cemitérios. Além disso, ensinou técnicas agrícolas aos sertanejos e atuou na defesa de direitos dos trabalhadores rurais, sendo apoiador relevante à organização comunitária dos camponeses”, justifica o parlamentar. “Suas ações e obras sociais foram especialmente necessárias à democratização do acesso à água potável e à saúde”, acrescenta.

A demanda surgiu a partir da própria coordenação do curso de Gestão de Turismo da Urca, que acredita que a instituição poderá participar da sua gestão, em parceria com a Secult, outros órgãos da Administração Pública e entidades da sociedade civil. A expectativa é que o equipamento possa servir na atuação de estagiários de graduação. “Um espaço cultural e, ao mesmo tempo, laboratorial para as ciências humanas, no contexto do semiárido nordestino, pode cumprir um papel socioeducativo a partir da extensão universitária à comunidade e seu entorno”, acredita o professor Josier Ferreira.

O prédio encontra-se completamente desativado e, por isso, o imóvel teria que ser transformado, recuperando sua função social a partir do resgate histórico. Contudo, trata-se de uma localização estratégica, já que está em rota turística do Cariri, a caminho de pontos importantes de visitação, como o Geossítio Riacho do Meio, o Balneário do Caldas e o Teleférico do Caldas.

Assim, além do projeto de indicação, o parlamentar enviou à Comissão de Cultura e Esportes o pedido de uma visita técnica ao prédio para que sejam avaliadas suas atuais condições. Isso ainda será discutido e votado pelos deputados e deputadas que compõe o órgão legislativo. “É inegável que se trata de um tema de interesse público”, finaliza Roseno.

Quem foi o Padre Ibiapina?

Nascido em Sobral, José Antônio Pereira, que depois adotaria “Maria Ibiapina” ao seu sobrenome, pisou na região do Cariri, pela primeira vez, aos 13 anos, quando seu pai, Francisco Miguel Pereira, foi nomeado tabelião vitalício de Crato, em 1819. Temendo pelas agitações da Revolução Pernambucana sua família enviou o garoto, no ano seguinte, para Jardim, onde estudou latim. Em 1823, deixou o sul do Ceará e rumou ao Seminário de Olinda, em Pernambuco.

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