• 28 de março, 2024 08:07

Em defesa da permanência do Centro Cultural do BNB em Juazeiro do Norte. Por Íris Tavares

ByDudu Correia

mar 18, 2022

 Por Ìris Tavares

O edifício Arnóbio Bacelar Caneca é a denominação do patrimônio público, cuja edificação de 25 de fevereiro de 1978, desde então tornou-se a sede da agência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), localizada no coração da cidade de Juazeiro do Norte. Uma obra, cuja concepção arquitetônica demarca todo um conceito de verticalidade que surgiu fortemente na paisagem urbana dos grandes centros. São 8 pavimentos erguidos na esquina mais cobiçada da meca da fé. A sua imponente presença é um símbolo emoldurado no tempo, retrata um dos primeiros “arranha-céu” plantado no território sagrado da cultura popular, da arte e da fé, reunindo multidões que convergem para essa urbe.

Ocorre que durante anos seguidos o equipamento funcionava com uma taxa de ocupação de apenas 37,5%. Conservava mais de 60% da sua área construída sem nenhuma funcionalidade. Em meados da primeira década de 2000, os artistas e produtores culturais do Cariri comungavam de uma crítica bastante pertinente sobre o vazio da maior área do referido equipamento que, segundo o desejo da maioria dos coletivos de arte e cultura organizados, poderia sediar um projeto de cultura nos moldes que o BNB implantara em Fortaleza (CE) e Sousa (PB).

Em 2003 estávamos iniciando o primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva, um governo forjado numa aliança democrática e popular, que acolheu a demanda e a reivindicatória foi acatada de forma célere. A reforma conseguiu atender os pré-requisitos exigidos pelas normas pertinentes ao uso da edificação. Em 04 de abril de 2006 foi inaugurado o Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB no município de Juazeiro do Norte. Na fase de preparação até a entrega do equipamento, devidamente reformado, foram realizados encontros e oficinas com produtores culturais e artistas, que resultou no processo bastante participativo.

O CCBNB tem uma atuação com foco no fortalecimento do desenvolvimento regional. Promove a inclusão social no círculo produtivo da cultura, oferecendo às comunidades de sua área de atuação o usufruto dos fazeres artísticos, nas suas mais variadas linguagens.

O Centro passou a ser o núcleo catalizador de boas práticas e experiências vivenciadas no campo da cultura e da arte. O Nordeste se encontra nesse lugar pujante de fala e expressões que apontam rumos para o desenvolvimento profissional, para o exercício da criatividade, para as oportunidades e condições de fruição das obras e trabalhos artísticos, para a qualificação do público demandante de formação artística.

O governo federal tem conduzido o Brasil no maior retrocesso das políticas públicas nas áreas de educação, cultura, arte e entretenimento, a exemplo do desmonte de estruturas como o Ministério da Cultura, Ministério da Educação, entre outros. Em 2019 o governo bolsonarista se movimentou para acabar com o programa e decretar o fechamento do CCBNB. Na ocasião o movimento organizado e a sociedade realizaram protestos nas ruas e em praça pública contra o fechamento do CCBNB. O governo recuou, porém nesse período de pós pandemia volta à tona a polemica sobre a permanência do CCBNB em Juazeiro do Norte.

O motivo alegado na primeira tentativa de cancelamento do centro era uma contestação afirmando que os recursos da operação não impactavam positivamente nos lucros e na economia do Banco. Ignoraram que o programa é uma devolutiva social e cultural da instituição pública financeira para sociedade. Agora nos deparamos com um novo motivo, o último laudo realizado pelos bombeiros que orienta uma adequação na engenharia com vista a garantir segurança, além do fato de que há uma decisão para que a agência passe a funcionar em outro local. Por isso temos convicção de que o nosso papel é defender a permanência do CCBNB e cuidar para que o patrimônio público seja requalificado e devidamente preservado. O CCBNB é uma conquista da sociedade e ocupa o espaço que lhe é devido no coração do Nordeste e no torrão dos artistas.

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